Filho
de Antônio Martins de Jesus e Antônia Leite Martins, Antônio Martins Filho
nasceu, como registra no primeiro volume de suas memórias, no sítio Santa
Teresa, localizado às margens do Rio Salamanca, em terras do Cariri cearense,
aos 22 de dezembro de 1904.
Seus
primeiros estudos foram feitos no Colégio da Professora Ida Bilhar,
continuando‑os na Escola dos Empregados do Comércio da cidade do Crato. Na
infância, enfrentou os desafios da pobreza e as limitações do meio em que
viveu, dotando, porém, o seu espírito de uma determinação que o levou a vencer,
pelo trabalho, as maiores adversidades, destacando‑se, entre elas, a de
concretizar e dirigir a Universidade Federal do Ceará, da qual foi o primeiro
Reitor.
Ligando‑se à vida do comércio desde a
meninice, transferiu‑se para o Maranhão e depois para o Piauí, concluindo em
Teresina os preparatórios, prestando exame no Liceu Piauiense e ingressando na
Faculdade de Direito do Piauí, na qual se bacharelou em Ciências Jurídicas e
Sociais, em 1937.
Regressando ao Ceará, seria durante algum
tempo advogado e professor do Liceu do Ceará, apaixonando‑se, na época, pelo
universo editorial, habilidade que o seduziria pelo resto da vida, sagrando‑o
como o maior editor cearense, o que pode ser testemunhado pela presteza e
competência com que dirigiu o programa editorial da Casa de José de Alencar,
com centenas de livros publicados, especialmente durante a década de 1990.
O Magnífico Antônio Martins Filho, bacharel
e doutor em Direito, foi professor catedrático da Faculdade de Direito da UFC e
da Faculdade de Ciências Econômicas da mesma Universidade. Ainda jovem, havia
sido professor e diretor do Ginásio Caxiense, no Maranhão, onde desenvolveu
atividades empresariais e jurídicas das mais relevantes, entre elas,
destacando-se a condição de Juiz de Direito da Comarca de Caxias.
Vocacionado, igualmente, para o magistério,
em Fortaleza foi professor e diretor da Escola de Comércio Padre Champagnat;
professor da Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, presidente da Fundação
Educacional do Ceará e Reitor Pro‑Tempore
da UECE.
Membro
do Conselho Federal de Educação e do Conselho Universitário da Universidade de
Fortaleza, o Dr. Antônio Martins Filho, após a sua exitosa trajetória acadêmica,
tornar-se-ia Reitor Agregado da UFC e conselheiro para assuntos educativos e
culturais da Federação das Faculdades Celso Lisboa, do Rio de Janeiro, e das
Faculdades Camilo Castelo Branco, de São Paulo.
Assessor Especial
para Assuntos Educativos e Culturais da UNIFOR, no Brasil e no exterior,
pertenceu o professor Martins Filho a inúmeras associações científicas e
culturais, dentre elas, o Instituto do Ceará, do qual foi presidente e também
Presidente de Honra. Presidiu à Academia Cearense de Letras, passando em seguida
para a condição de Presidente de Honra dessa importante entidade.
Sócio titular do
Instituto de Cultura Hispânica de Madri e da Sociedade Francesa de Direito
Aeronáutico, o escritor Antônio Martins Filho foi ainda integrante da Sociedade
Brasileira de Direito Aeronáutico e da Sociedade Capistrano de Abreu, do Rio de Janeiro, tendo viajado em
missão oficial a vários países, onde recebeu condecorações e títulos
honoríficos que muito engrandecem a sua trajetória.
Entre as
distinções que lhe foram outorgadas, cumpre destacar as seguintes: Professor Honoris Causa da Universidade Federal de
Santa Maria (RS) e da Universidade Estácio de Sá (RJ) e Doutor Honoris Causa destas instituições: Faculdade
Católica de Filosofia do Ceará, Faculdades Camilo Castelo Branco (SP), Universidade
de Fortaleza, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal da Bahia, Universidade
Regional do Cariri e Universidade Federal do Piauí, sendo ainda Professor
Emérito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do
Patrocínio, de Itu, São Paulo.
São inúmeras as medalhas recebidas por Antônio
Martins Filho. Entre elas, ponho em relevo estas que passo a enumerar: Medalha
do Pacificador do Exército Brasileiro; Medalha do Mérito Santos Dumont, do Ministério da Aeronáutica; Medalhas
da Abolição e Justiniano de Serpa, do Governo do Ceará; Medalha do Mérito
Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Medalha Cidade de
Fortaleza, da Câmara Municipal dessa edilidade; e Medalha Rui Barbosa, da Casa
de Rui Barbosa (Rio de Janeiro).
Igualmente lhe foram conferidas: a Ordem do
Mérito Naval e a Ordem do Mérito Nacional da Educação; o Gran Colar do Mérito
Educacional e a Ordem Nacional do Mérito Educativo; a Ordem do Mérito da
República Federal alemã e a Ordem do Mérito do Governo da Itália. Em Toledo,
na Espanha, foi feito Cavalheiro da Ordem de Corpus Christi e, em França, recebeu a Ordem das Palmas Acadêmicas,
valendo ainda mencionar o título de Personalidade do Povo, que lhe foi
outorgado pelo jornal O Povo, em
1991.
São
muitas os seus livros e opúsculos,
destacando-se entre eles: Exortação
aos Moços (1938); O Ceará (1939),
de parceria com Raimundo Girão; O Cariri:
Subsídios para a História Sul‑Cearense (1940); Noções de Economia Política (1942); Disciplina Jurídica do Espaço Aéreo (1944); As Lutas da Independência (1945); Da Liquidez do Título de Crédito na Falência (1945); Relações Profissionais (1946); Operosidade Excepcional de Eusébio de Sousa
(1947); Uma Universidade para o Ceará
(1949); Limitações da Responsabilidade do
Comerciante Individual (1950); Da
Definição do Conceito de Empresa para Ampliação do Direito Comercial
(1954); Autonomia das Universidades
Federais (1961); O Universal pelo
Regional (1965); Rui, o Artista (1973);
A Universidade no Brasil (1973); O Domínio do Espaço Aéreo (1973); A Presença da Poesia no Mundo dos Negócios
(1978); O Outro Lado da História
(1983); Reflexões Sobre Augusto dos Anjos
(1987); UFC & BNB: Educação para o
Desenvolvimento (1990); Memórias: Menoridade
(1991); Dolor Barreira em Três Dimensões
(1993); Memórias: Maioridade - 1º tomo
(1993); Memórias: Maioridade - 2º tomo
(1994); História Abreviada da UFC
(1996) e Memórias: Maturidade (1997).
Como pode ser
facilmente observado, o doutor Antônio Martins Filho foi um escritor bastante
operoso, tendo sido aclamado pela crítica o nosso maior memorialista. E quem
chegou a esses altiplanos, deixa-nos a certeza de que o lado proveitoso da vida
é a luta pelo semelhante e o triunfo sobre as coisas mundanas, em favor da
lógica do espírito e da construção de um mundo melhor.
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