quinta-feira, 22 de maio de 2014

Antônio Martins Filho

               Dimas Macedo               


                                                  

                                                   



       Filho de Antônio Martins de Jesus e Antônia Leite Martins, Antônio Martins Filho nasceu, como registra no primeiro volume de suas memórias, no sítio Santa Teresa, localizado às margens do Rio Salamanca, em terras do Cariri cearense, aos 22 de dezembro de 1904.

       Seus primeiros estudos foram feitos no Colégio da Pro­fessora Ida Bilhar, continuando‑os na Escola dos Empregados do Comércio da cidade do Crato. Na infância, enfrentou os de­safios da pobreza e as limitações do meio em que viveu, dotan­do, porém, o seu espírito de uma determinação que o levou a vencer, pelo trabalho, as maiores adversidades, destacando‑se, entre elas, a de concretizar e dirigir a Univer­sidade Federal do Ceará, da qual foi o pri­meiro Reitor.

      Ligando‑se à vida do comércio desde a meninice, transfe­riu‑se para o Maranhão e depois para o Piauí, concluindo em Teresina os preparatórios, prestando exame no Liceu Piauiense e ingressando na Faculdade de Direito do Piauí, na qual se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1937.

      Regressando ao Ceará, seria durante algum tempo advo­gado e professor do Liceu do Ceará, apaixonando‑se, na época, pelo universo editorial, habilidade que o seduzi­ria pelo resto da vida, sagrando‑o como o maior editor cearense, o que pode ser testemunhado pela presteza e competência com que dirigiu o programa editorial da Casa de José de Alencar, com centenas de livros publicados, especialmente durante a década de 1990.

      O Magnífico Antônio Martins Filho, bacharel e doutor em Direito, foi professor catedrático da Faculdade de Direito da UFC e da Faculdade de Ciências Econômicas da mesma Universidade. Ainda jovem, havia sido professor e diretor do Ginásio Caxiense, no Maranhão, onde desenvolveu atividades empresariais e jurídicas das mais relevantes, entre elas, destacando-se a condição de Juiz de Direito da Comarca de Caxias.

     Vocacionado, igualmente, para o magistério, em Forta­leza foi professor e diretor da Escola de Comércio Padre Champagnat; professor da Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, presi­dente da Fundação Educacional do Ceará e Reitor Pro‑Tempore da UECE.

      Membro do Conselho Federal de Educação e do Conselho Universitário da Universidade de Fortaleza, o Dr. Antônio Martins Filho, após a sua exitosa trajetória acadêmica, tornar-se-ia Reitor Agregado da UFC e conselheiro para assuntos educativos e culturais da Federa­ção das Faculdades Celso Lisboa, do Rio de Janeiro, e das Facul­dades Camilo Castelo Branco, de São Paulo.

     Assessor Especial para Assuntos Educativos e Culturais da UNIFOR, no Brasil e no exterior, pertenceu o professor Martins Filho a inúmeras associações científicas e culturais, dentre elas, o Instituto do Ceará, do qual foi presidente e também Presidente de Honra. Presidiu à Academia Cearense de Letras, passando em seguida para a condição de Presidente de Honra dessa importante entidade.

     Sócio titular do Instituto de Cultura Hispânica de Madri e da Sociedade Francesa de Direito Aeronáutico, o escritor Antônio Martins Filho foi ainda integrante da Sociedade Brasileira de Direito Aeronáutico e da Sociedade Capistrano de Abreu, do Rio de Janeiro, tendo viajado em missão oficial a vários países, onde recebeu condecorações e títulos honoríficos que muito engrandecem a sua trajetória.

     Entre as distinções que lhe foram outorgadas, cumpre destacar as seguintes: Professor Honoris Causa da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e da Universidade Estácio de Sá (RJ) e Doutor Honoris Causa destas instituições: Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, Faculdades Camilo Castelo Branco (SP), Universidade de Fortaleza, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal da Bahia, Universidade Regional do Cariri e Universidade Federal do Piauí, sendo ainda Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do Patrocínio, de Itu, São Paulo.
 
      São inúmeras as medalhas recebidas por Antônio Martins Filho. Entre elas, ponho em relevo estas que passo a enumerar: Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro; Medalha do Mérito Santos Dumont, do Ministério da Aeronáutica; Medalhas da Abolição e Justiniano de Serpa, do Governo do Ceará; Medalha do Mérito Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Medalha Cidade de Fortaleza, da Câmara Municipal dessa edilidade; e Meda­lha Rui Barbosa, da Casa de Rui Barbosa (Rio de Janeiro).

      Igualmente lhe foram conferidas: a Ordem do Mérito Naval e a Ordem do Mérito Nacional da Educação; o Gran Colar do Mérito Educacional e a Ordem Nacional do Mérito Educativo; a Ordem do Mérito da República Federal alemã e a Ordem do Mérito do Gover­no da Itália. Em Toledo, na Espanha, foi feito Cavalheiro da Or­dem de Corpus Christi e, em França, recebeu a Ordem das Pal­mas Acadêmicas, valendo ainda men­cionar o título de Personalidade do Povo, que lhe foi outorgado pelo jornal O Povo, em 1991.

      São muitas os seus livros e opúsculos,  destacando-se entre eles: Exortação aos Moços (1938); O Ceará (1939), de par­ceria com Raimundo Girão; O Cariri: Subsídios para a História Sul‑Cearense (1940); Noções de Economia Política (1942); Disciplina Jurídica do Espaço Aéreo (1944); As Lutas da Independência (1945); Da Liquidez do Título de Crédito na Falência (1945); Rela­ções Profissionais (1946); Operosidade Excepcional de Eusébio de Sousa (1947); Uma Universidade para o Ceará (1949); Limitações da Responsabilidade do Comerciante Individual (1950); Da Defini­ção do Conceito de Empresa para Ampliação do Direito Comercial (1954); Autonomia das Universidades Federais (1961); O Univer­sal pelo Regional (1965); Rui, o Artista (1973); A Universidade no Brasil (1973); O Domínio do Espaço Aéreo (1973); A Presença da Poesia no Mundo dos Negócios (1978); O Outro Lado da História (1983); Reflexões Sobre Augusto dos Anjos (1987); UFC & BNB: Educação para o Desenvolvimento (1990); Memórias: Menoridade (1991); Dolor Barreira em Três Dimensões (1993); Memórias: Maioridade - 1º tomo (1993); Memórias: Maioridade - 2º tomo (1994); História Abreviada da UFC (1996) e Memórias: Maturidade (1997).

     Como pode ser facilmente observado, o doutor Antônio Martins Filho foi um escritor bastante operoso, tendo sido aclamado pela crítica o nosso maior memorialista. E quem chegou a esses altiplanos, deixa-nos a certeza de que o lado proveitoso da vida é a luta pelo semelhante e o triunfo sobre as coisas mundanas, em favor da lógica do espírito e da construção de um mundo melhor.




             








         

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