Ensaios e Perfis, de Joaryvar
Macedo (Fortaleza: Casa de José de Alencar / UFC, 2001), de alguma forma,
já havia sido por ele planejado, pouco antes da doença que o levou à morte
prematura, aos 29 de janeiro de 1991. Conversamos sobre isso em mais de uma
oportunidade e ele pensava mesmo em editar um livro com os seus escritos mais
significativos.
Eu lhe propus, certa feita, a organização de
um volume reunindo, unicamente, os seus melhores estudos literários, publicados
e inéditos. Joaryvar gostou da proposta, entusiasmou-se um pouco com a ideia,
porém fixou-se no projeto de Ensaios e Perfis, o qual,
lamentavelmente, não foi concretizado, mesmo tendo ele se esforçado para reunir
os dispersos que lhe diziam de perto à sensibilidade.
Império do Bacamarte (Fortaleza, 1990),
sua obra-prima e seu último livro, foi por ele pensado logo após a conclusão
de A Estirpe da Santa Teresa (1976), a sua pesquisa
genealógica de maior expressão. A sua redação, no entanto, somente ocorreu no
segundo semestre de 1989, sendo publicado no ano seguinte, pela Casa de José de
Alencar, por decisão do Professor Antônio Martins Filho.
Convertido em clássico do coronelismo
nordestino, esse livro de Joaryvar Macedo foi reeditado em duas oportunidades.
Trata-se do seu supremo monumento estético e literário.
Os seus arquivos pessoais, que andaram,
inicialmente, desaparecidos, foram encontrados pelos seus amigos, professores
Melquíades Pinto Paiva e Antônio Renato Soares Casimiro, em 1999. Eles
trouxeram à tona um volume inédito de Joaryvar Macedo, Na Esfera das Letras,
contendo resenhas de crítica literária e cuja edição formatei e revi, a pedido
da Secretaria de Cultura do Estado, por onde foi publicado, em 2010.
Se a saúde lhe tivesse permitido, em
julho de 1990, Joaryvar Macedo teria ido a Princesa, na Paraíba, para examinar
os autos do processo-crime referente à morte do Dr. Ildefonso Augusto Lacerda
Leite, primeiro neto de Dona Fideralina a doutorar-se em Medicina, cujo assassinato,
aos 6 de janeiro de 1902, desencadeou a primeira importante decisão da grande
coronela lavrense, sobre quem o autor de Os Augustos pensava em escrever
uma biografia.
Somente
dessa forma, para um historiador da sua envergadura, examinando in loco as
fontes primárias de pesquisa, fazia-se possível completar a redação desse livro,
que era um dos seus projetos, mas que ele não pôde concluir como desejava.
Joaryvar
deve ter parado o seu trabalho de pesquisa possivelmente aí, não podendo sequer
comparecer ao lançamento de Império do Bacamarte, em Lavras da
Mangabeira, aos 26 de julho de 1990, cabendo-me fazer a apresentação do livro,
por sua indicação aos organizadores do evento.
Ensaios e Perfis não reúne o conjunto de todos os ensaios inéditos de Joaryvar Macedo. Por recomendação do seu editor, o livro cuja organização e prefácio me foram confiados, não podia ter acima de trezentas páginas. Impunha-se uma seleção dos escritos, em consonância com o que parecesse mais representativo do pensamento de autor.
Assim
procedi, depositando o que restou do trabalho, nos arquivos do Instituto do
Ceará, em harmonia com o editor de Joaryvar Macedo. O Professor Antônio Martins
Filho o tinha quase como um filho, chamando-o de seu grande amigo, em artigo publicado
no jornal O Povo, após a sua morte.
Joaryvar Macedo para mim é um Mestre, e
eu me orgulho, também, de ser sou sobrinho. Foi ele o primeiro escritor que
procurei imitar e aquele que exerceu sobre mim a maior de todas as influências.
Fortaleza, 2001
Compareço apenas para dizer que li também mais este valioso artigo sobre Joaryvar.
ResponderExcluirEscrivão Joaquim Furtado, grato pela leitura do meu artigo sobre Joaryvar Macedo
Excluir"Se a saúde lhe tivesse permitido, ele teria, em julho de 1990, ido ao Município de Princesa, na Paraíba, para examinar os autos do processo-crime referente ao assassinato do Dr. Ildefonso Augusto Lacerda Leite" (extraí).
ResponderExcluirCaro Dimas, por essa época eu residia na Capital paraibana e é até possível que me encontrasse em Princesa Isabel/PB, ou nas proximidades (Tavares, Juru, Teixeira, Patos...) pelo mês de Julho de 1990. Sei com certeza que estive em Princesa no início daquele ano em que Joaryvar pretendia visitar a terra do Coronel Zé Pereira.
Escrivão Joaquim Furtado.
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