Ana Miranda
A participação da mulher na literatura cearense, ainda que possa ser julgada inexpressiva, não seria merecedora do desprezo a que tem sido relegada pelos nossos historiadores. Talvez com as honrosas exceções de Sânzio de Azevedo e Otacílio Colares, responsável, este último, pela redescoberta de Emília Freitas e Francisca Clotilde, correto seria afirmar que a historiografia literária cearense carece de informações acerca da produção literária das nossas escritoras.
A participação da mulher na literatura cearense, ainda que possa ser julgada inexpressiva, não seria merecedora do desprezo a que tem sido relegada pelos nossos historiadores. Talvez com as honrosas exceções de Sânzio de Azevedo e Otacílio Colares, responsável, este último, pela redescoberta de Emília Freitas e Francisca Clotilde, correto seria afirmar que a historiografia literária cearense carece de informações acerca da produção literária das nossas escritoras.
Tal como aconteceu com os Oiteiros,
marco inicial da nossa formação literária, o ingresso da mulher na literatura cearense
realizou-se através da poesia, cabendo indiscutivelmente a Úrsula Garcia o
privilégio de ser a primeira poetisa a assinalar a sua presença no panorama da
nossa evolução literária.
Insere-se essa poetisa no período
de formação da literatura feminina cearense, no qual, além do seu nome,
floresceram os de Ana Nogueira Batista, Emília Freitas, Francisca Clotilde, Ana
Facó e Alba Valdez, que estiveram em evidência entre a última década do século
dezenove e as primeiras décadas do século precedente.
Nasceu Úrsula Garcia da Costa
Barros em Aracati, aos 03 de março de 1864, e faleceu no Recife, aos 26 de
julho de 1905. Colaborou em jornais e revistas do Ceará e, em Pernambuco,
registrou assídua presença nas páginas de O
Lyrio, e ali publicou O Livro de Bela,
em 1901, segundo Raimundo de Menezes, no seu Dicionário Literário Brasileiro (Rio, 2ª ed., 1978).
Para Luiz da Câmara Cascudo,
Úrsula Garcia foi “um espírito tranquilo e doce, a exemplo das moças prendadas
de outrora. Escreveu muito, mas sua produção está esparsa e ignorada. Diversos
artigos de política regional, de sua autoria, divulgados sem assinatura, eram
dados como pertencendo aos jornalistas do tempo, tal a graça do retoque, a
delicadeza do estilo, a finura dos reparos e a força convincente da
argumentação”.
Filha de João Nogueira Rabelo e
de Teresa de Albuquerque Nogueira Rabelo, Ana Nogueira Batista nasceu no Icó,
aos 22 de outubro de 1870, e faleceu em Niterói (RJ), aos 22 de maio de 1967.
Colaborou em diversos jornais e revistas do Ceará e de outros Estados,
especialmente em O Pão, de Fortaleza;
O Rio Negro, de Manaus; A Província do Pará, de Belém; Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro; e
Cidade de Campinas, de São Paulo.
No Recife, para onde se transferiu, em 1899,
foi redatora de O Lyrio. Deixou
inédito um livro de poemas: Carmes, e
era esposa do poeta Sabino Batista, o Sátiro Alegrete da Padaria Espiritual.
A Emília Freitas, nascida na
antiga Vila de União, hoje Jaguaruana, aos 15 de janeiro de 1855, e falecida em
Manaus, aos 18 de outubro de 1908, cabe o pioneirismo de ter sido a primeira
romancista cearense e a primeira mulher a publicar um livro de poemas no Ceará.
De sua autoria é o inventário de poesias: Canções
do Lar (Fortaleza, Tipografia Universal, 1891), bem como o romance A Rainha do Ignoto, antecipador da
literatura fantástica no Brasil, e que foi editado em Fortaleza, em 1899.
Escreveu ainda o romance O Renegado,
o qual, se realmente foi dado a público, seria hoje raridade bibliográfica.
Contista, romancista, teatróloga
e jornalista, Francisca Clotilde Barbosa Lima nasceu em Tauá, aos 19 de outubro
de 1862, e faleceu em Fortaleza, aos 08 de dezembro de 1932. De sua autoria são
os livros: Lições de Aritmética
(1889) e Coleção de Contos (1897),
bem como o romance A Divorciada
(1902) e as peças de teatro: Fabíola
e Santa Clotilde. Além destes livros,
deixou inúmeras poesias estampadas em jornais e revistas.
Participou da campanha abolicionista e
se posicionou como uma das pioneiras do movimento feminista, tendo fundado a
Liga Feminina Cearense. Por conta do seu romance A Divorciada, considerado uma grande ousadia para a época, foi
praticamente proscrita da sociedade fortalezense, vivendo o resto da sua
existência em cidades do interior, especialmente em Baturité e Aracati.
Ana Facó, um nome
injustificadamente esquecido, quando não, mal interpretado pelos nossos
historiadores, nasceu em Beberibe, aos 10 de abril de 1855, e faleceu em
Fortaleza, aos 22 de junho de 1922. Foi, sobretudo, romancista, contista,
teatróloga, poetisa e memorialista. Sua obra literária, constante de seis
volumes, foi publicada entre 1937 e 1938, segundo sua biógrafa Geraldina
Amaral. Integram-na os romances: Nuvens
e Rapto Jocoso, o livro de contos: Minha Palmatória, o inventário de peças
teatrais: Comédias e Cançonetas, um
volume de Poesias e um caderno de
reflexões e reminiscências: Páginas
Íntimas, livros, segundo a crítica, considerados da melhor qualidade.
Artur Eduardo Benevides, no seu
livro: Evolução da Poesia e do Romance
Cearenses (Fortaleza, 1976), embora reconhecendo a existência de dois
romances de Ana Facó, termina arrolando o seu nome entre os “poetas sem livros
publicados”. Já Marcelo Costa, na sua História
do Teatro Cearense (Fortaleza, 1972), sequer faz alusão ao seu nome, o que
não deixa de ser uma omissão. O mesmo diga-se com relação a Braga Montenegro,
que preferiu ignorar o nome de Ana Facó quando da elaboração do seu monumental
ensaio: Evolução e Natureza do Conto
Cearense (Fortaleza, 1951).
Alba Valdez, pseudônimo de Maria
Rodrigues Peixe, nasceu na então Vila de Uruburetama, hoje cidade de Itapajé,
aos 12 de dezembro de 1874, e faleceu em Fortaleza, aos 05 de fevereiro de
1962. Pertenceu ao Centro Literário, ao Instituto do Ceará e à Academia
Cearense de Letras. Em 1889, diplomou-se professora pela Escola Normal de
Fortaleza e, em 1904, fundou a Liga Feminista Cearense, agremiação da qual foi
presidente. Além de farta colaboração em jornais e revistas, publicou os
livros: Em Sonho (1904) e Dias de Luz (1907), o primeiro de
crônicas e páginas de ficção e o segundo de reflexões e recordações da
adolescência.
A este grupo de mulheres pioneiras, deve
ser juntado o nome de Abgail Sampaio, nascida em Paracuru, aos 09 de dezembro
de 1897, autora de Luar da Pátria e Átomos e Centelhas, o segundo publicado
em 1928. Seu nome figura em diversas antologias, bem como no livro: Evolução da Poesia e do Romance Cearenses,
de Artur Eduardo Benevides.
Era irmã da também poetisa Maria
Sampaio, nascida em Paracuru, aos 07 de janeiro de 1888, e que figura na
antologia: Sonetos Cearenses
(Fortaleza, 1938), de Hugo Victor Guimarães. Maria Sampaio foi coautora de Átomos e Centelhas. Poemas de sua
autoria foram publicados em O Malho,
bem como nas revistas Fon-Fon e Vida Doméstica, do Rio de Janeiro. Foi
professora em Paracuru e, posteriormente, em Fortaleza, onde lecionou em
diversos estabelecimentos de ensino.
Em 1948, as poetisas Jandira
Carvalho, Fernanda Brito, Maria de Lourdes Vasconcelos Pinto e Stefânia Rocha
Bezerra publicaram o livro de poemas Tetracorde
e, em 1952, tiveram os seus nomes incluídos na Coletânea de Poetas Cearenses, de Augusto Linhares. Posteriormente,
Jandira Carvalho e Fernanda Brito veriam os seus nomes na Antologia dos Poetas da Nova Geração, publicada no Rio, em 1950,
pela Editora Pongetti, com prefácio de Álvaro Moreira; e Stefânia Rocha
Nogueira passaria a figurar no livro de Cândida Galeno: Trovadores Cearenses (Fortaleza, 1976).
Posteriormente, novas produções e
novas poetisas vão aparecendo no cenário literário cearense, como é o caso de Cantos e Preces (1951) e Pétalas ao Vento (1958), de Dolores
Furtado; Meus Versos (1962), de Maria
Nilce de Sousa; Zabumba (1962) e Hora Presente (1968), de Augusta Campos;
É Outro o Meu Destino (1965) e Pensando em Você (1970), da Irmã Paula
Bezerra; Divina Inspiração (1967), de
Teresinha Bedê; Eterna Flama (1968),
de Aracy Martins; A Escola Declama (1968)
e A Rosa de Sol (1974), de Risette
Cabral Fernandes; Poesias, Lendas e
Canções (1968), Rosana (1974), Poemas e Trovas que Falam (1974) e Poemas e Hinos (1981), de Ana Frota Mendes;
Crepúsculo Iluminado (1969), de Júlia
Galeno.
A esse elenco, devem ser
juntados os seguintes livros: Rosas do
Meu Sonhar (1970) e Sonata de Trovas
(1976), de Julieta Faheina Chaves; Imagens
e Fantasia (1975), de Marinina Benevides; Boletim de Poesias (1977), de Beatriz Alcântara; Momentos (1979), de Ludmila Mendonça; Em Busca da Plenitude (1980), da Irmã
Aurélia Férrer; Folhas ao Vento
(1980), de Fernanda Benevides; Felicidade
Procura-se (1981), de Claudete Lima; Estrela
Inquieta (1981), de Cléa Vasconcelos; Somente
Memórias (1982), de Irani Augusto; Viagem
ao Redor de Mim (1982), de Aíla Diogo; Retalhos
(1982), de Maria Adélia Leitão; Poesias (1983),
de Iracema Régis; Raízes (1983), de
Luzinete de Lemos Araújo; Flagrantes do
Tempo (1983), de Maria Eurenice Coelho; e Cores (1984), de Rita de Cássia Araújo.
A poetisa Angélica Coelho é autora de
diversos livros: O Orós em Delírio
(1962); Luzes do Pensamento (1963); Ela e a Solidão e Nas Horas do Silêncio (1966); O
Jangadeiro, Aquele Vaqueiro, São Sete
Poemas, Fonte da Saudade e O Mundo
das Ilusões (1970); Tiradentes, O
Grito Real, Vida Eterna, Cantos dos Cantos, Nos Domingos Que São Meus e Todo Dia é Saudade (1972). O seu nome
será referido oportunamente, quando formos tratar da contribuição feminina à
prosa de ficção.
Cumpre registrar, também, que
anunciaram livros que nunca foram publicados as seguintes poetisas: Rachel de
Queiroz: Mandacaru; Henriqueta
Galeno: Força Indômita; Violeta de
Paiva de Castro: Voo Rasante; Elma de
Sousa Alves: Vermelho e Amarelo em Campo
Verde; Maria de Lourdes Vasconcelos Pinto: Poemas de Duas Faces; Marly Vasconcelos: Sala de Retratos; Auristela Bezerra: Sessenta e Cinco Sonetos; Telma Helena Aragão: Implosão; Eliane Lopes: Canto
Juvenil; e Maria Irene Nobre: Rastros
na Areia. O livro Radiorama, de
Eva Paiva, é possível que tenha sido publicado, pois é dado por Hugo Victor
Guimarães, nos Sonetos Cearenses,
como estando no prelo em 1938.
No campo da longa ficção, merecem
aqui referidos os nomes de duas escritoras inéditas: Julieta Filgueiras, autora
de Aroeira, romance histórico baseado
nas origens de Lavras da Mangabeira, e Auristela Bezerra, autora da novela Em Busca do Amor.
Henriqueta Galeno, nascida em
Fortaleza aos 23 de fevereiro de 1887, e falecida na mesma cidade, aos 10 de
setembro de 1964, é, como sabemos, a grande dama da literatura cearense. Além
da poesia, enveredou por outros gêneros literários, tendo organizado o livro: Mulheres Admiráveis (Fortaleza, 1965).
Fundadora da Casa de Juvenal Galeno, a qual dirigiu por um período de quase
meio século, sendo neste posto substituída por Cândida Galeno, outra expressiva
figura de mulher a ilustrar a nossa literatura.
A Henriqueta Galeno deve-se a
criação da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, em torno da qual têm
gravitado as mais expressivas mulheres de letras do Ceará, como é o caso de
Jandira Carvalho, Fernanda Brito, Geraldina Amaral, Ruth Alencar, Ana Frota
Mendes, Dolores Furtado, Olga Monte Barroso, Nazareth Serra, Anahid Andrade,
Risete Cabral Fernandes, Maria Orildes Sales Freitas, Maryse Weyne Cunha, Maria
Ilma de Lira, Maria de Lourdes Vasconcelos Pinto, Alba Frota e Maria Adísia
Barros de Sá, sendo está última ensaísta das mais autorizadas, a quem muito
devem o jornalismo e o ensino universitário cearenses.
Além dos seus escritos nas áreas
da comunicação e da pesquisa filosófica, Adísia Sá é autora das seguintes teses
acadêmicas: Filosofia e Comunicação
(Recife, 1976) e O Homem e os Espaços
Existenciais como Formas de Comunicação (Fortaleza, 1980).
Cândida Maria Santiago Galeno
nasceu na cidade de Russas (CE), aos 18 de março de 1918, e passou a sua
adolescência em Lavras da Mangabeira, transferindo-se depois para Fortaleza. É
autora dos livros: Humanismo Telúrico do
Nordeste (1971) e Ritos Fúnebres no
Interior Cearense (1977), e de farta colaboração em antologias, publicações
nas quais se revelou diligente ficcionista e exímia relatora de vivências do
cotidiano.
Não nasceram no Ceará, mas à
literatura cearense se incorporaram, pelo fato de aqui terem residido e aqui
terem publicado os seus livros, as poetisas: Serafina Pontes, carioca, autora
de Livro D’Alma (1894); Carmelita Setúbal, amazonense,
autora de Retalhos D’Alma (1963), Gravetos de Sonhos (1964) e Trovas e Poemas (1965), e do romance Flor de Mandacaru (1971); Alvina
Gameiro, piauiense, autora de Órfãos de
Sonhos (1967) e de 15 Contos que o
Destino Escreveu (1970); Rita de Lara, também amazonense, autora de Lantejoulas (1968); Marilita Pozzoli,
paraibana, autora de Enquanto Espero as
Rosas (1969) e Atire a Primeira Flor
(1976); Baby Paes Fontenele, alagoana, autora de A Vinha de Nabot (1978); Rosalice Araújo, também alagoana, autora
de A Hora de Agora (1978); Lourdes F.
Araújo, paulista, autora de Folhas
Reunidas (1979); e Margarida Alacoque, pernambucana, autora de Canto Encanto Desencanto (1983).
Citadas, ainda, em antologias ou em
estudos literários cearenses, têm sido as poetisas: Maria Duarte, Maria Facó,
Ilka Lira de Lucena, Otília Franklin, Mirian Benevides Pamplona, Nívea Leite,
Maria Salete Cavalcanti, Dulce Pereira, Neudira Gaspar, Maria Neuza de Barros,
Fátima Girão, Célia Ribeiro, Glorinha Costa Lima, July Jacome de Mello, Maria
Gonçalves, Francisca Maria Ximenes, Josélia Cavalcanti de Abreu, Maria Clara
Nogueira, Lucíola Rabelo, Maria de Fátima Dourado e Fátima Mendes Araújo.
Com respeito a essas poetisas, diga-se que
Maria Facó é natural de Beberibe, onde nasceu aos 10 de junho de 1886, e cuja
produção precisa ser urgentemente resgatada; e que Maria Duarte é dada por
Artur Eduardo Benevides como autora de livros cujos títulos ele não conseguiu
identificar.
A fase renovadora da poesia feminina
cearense aparece possivelmente com Yeda Estergilda, que em 1970, com plena
consciência do fazer literário, publicou: Mais
um Livro de Poemas, tendo retornado à atividade editorial em 1984, com o
inventário de textos intitulado Grãos,
publicado em São Paulo, pela Editora Massao Ohno.
O ano de 1973 marca a estreia de
Marly Vasconcelos (Água Insone,
Fortaleza, Gráfica Editorial Cearense), a qual, até hoje, permanece autora de
um único livro de poemas, porém com força suficiente para manter-se em posição
de vanguarda. Em 1979, dá-se a estreia de Regine Limaverde, com um caderno de
poemas: Rio em Cheia, o qual seria
seguido de Ressurgências, em 1982,
ambos revelando uma poetisa já no domínio da sua criação.
Outra poetisa a quem quero me
referir é Rosa Batista de Lima, nascida em Fortaleza, aos 06 de dezembro de
1941, e autora do livro de poemas: Ponto
de Apoio (Rio, Editora Fontana, 1980). Tem recebido referências elogiosas
da crítica, bem como participado das antologias: Chuva Fina, Respeitável Público e Doze Poetas Alternativos.
Depois de
Rosa de Lima, Regine Limaverde, Marly Vasconcelos e Yeda Estergilda, a grande
revelação da poesia feminina cearense fica por conta de Marisa Biasoli, autora
de Noite Adentro (1983). Sua estreia
é de 1981, com o livro de poemas: Em
Silêncio, editado de parceria com Cidinha Fonseca.
No entanto, por maior que tenha sido a inflação de poetisas na
literatura feita no Ceará, o certo é que o destaque literário feminino das
letras contemporâneas cearenses fica com a ficção, onde brilham os nomes de
Rachel de Queiroz, Margarida Saboia de Carvalho, Heloneida Studart, Hilda
Gouveia de Oliveira, Nilze Costa e Silva e Yolanda Gadelha Theófilo.
Mas é certo também que aqui poderíamos arrolar os nomes das seguintes
romancistas: Angélica Coelho, autora de Ritmos
Humanos (1949), Decadência de Uma
Geração (1963) e Festival de
Tormentos (1970); Maria Ilma de Lira, autora de Serrinha (1961); Stela Nascimento, autora de Mulungu (1973); Carminha Clark Nunes, autora de Migalhas de Felicidade (1978); Elza
Batista Aragão, autora de Janina
(1981) e Caminhos da Humanidade
(1983); e Helena Cunha, autora de O Grito
do Silêncio (1983).
Rachel de Queiroz, integrante da Academia Brasileira de Letras, nasceu
em Fortaleza, aos 17 de novembro de 1910, e se tem destacado como jornalista,
cronista, teatróloga e, principalmente, romancista. São de sua autoria: O Quinze (1930), João Miguel (1932), Caminhos
de Pedra (1937), As Três Marias (1939),
A Donzela e a Moura Torta (1948), 100 Crônicas Escolhidas (1950), Lampião (1953), A Beata Maria do Egito (1958) e Dora
Doralina (1975).
Margarida Saboia de Carvalho nasceu em Fortaleza, aos 23 de setembro de
1905, e faleceu na mesma cidade, aos 09 de junho de 1975. Destacou-se como
professora e jornalista, tendo militado no extinto Diário do Povo, de propriedade do seu esposo, o escritor Jáder de
Carvalho. De sua autoria são os livros: Coração
do Tempo (1964), A Vida em Contos
(1964) e Crônicas (1976), o primeiro
publicado pela Ed. Instituto do Ceará e o último pela Editora Terra do Sol.
Heloneida Studart é natural de Fortaleza (09 de abril de 1925). Tem
atuado como jornalista e como uma das líderes do movimento feminista
brasileiro. Foi Deputada à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. De sua
autoria são os romances: A Primeira Pedra
(1955), Diz-me o Teu Nome (1956),
A Culpa (1964), Deus Não Paga em Dólar (1968), O
Pardal é um Pássaro Azul (1975) e O
Estandarte da Agonia (1981), além de livros de ensaios, entre eles o
conhecidíssimo Mulher, Objeto de Cama e
Mesa (1969).
Natural de Granja (20 de setembro de 1920), Hilda Gouveia de Oliveira
tem se destacado como ficcionista, sendo autora dos romances: Os Sete Tempos (1971), Os Distraídos (1975) e O Longo Curso do Minuto (1982), bem como
do ensaio: Estrutura dos Processos
Descritivos (1980). Exerce as funções de Professora do Departamento de
Letras Anglo-Germânicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Aos 19 de fevereiro de 1950,
nasceu a romancista Nilze Costa e Silva na cidade de Natal, transferindo-se,
ainda na infância, para Fortaleza. É técnica de administração do INPS e autora
dos livros: Viagem (1981), No Fundo do Poço (1982) e O Velho (1983), todos editados pela Secretaria
de Cultura do Estado.
Outro nome que se impõe na
literatura cearense, com bastante força criativa, é o da contista, cronista,
poetisa e ensaísta Francilda Costa. Bacharela em Letras e professora de língua
portuguesa, Francilda é autora de Encontro
Maior (1980), O Sótão – Baú de
Memórias (1981) e Ladrilho, O Chão de
Todos (1982). Trata-se, no caso, de uma das nossas escritoras mais
imaginosas, em cujo texto a mordacidade e a erudição aparecem como vetores da
sua escritura literária.
De Yolanda Gadelha Teófilo são os
romances: Longa Tarde Sem Manhã (Rio,
Edições O Cruzeiro, 1967), Instante Dentro do Tempo (Santa
Maria/RS, Editora Palloti, 1972) e As
Acácias Estão Florindo (Fortaleza, Editora Henriqueta Galeno, 1977). Também
de sua autoria é o livro: Eu e o Tio Sam
(Rio, Biblioteca do Exército, 1963).
Quanto à ficcionista Sandra Lacerda, autora de Nada de Novo Sob o Sol (1967), registre-se ser ela o pseudônimo de
Lúcia Fernandes Martins, nascida no Rio de Janeiro, aos 24 de março de 1926, e
residente no Ceará, desde 1941. Em 1953, publicou o romance: Destinos Cruzados e, em 1971, o livro de
novelas: Janelas Entreabertas.
Outros nomes que também remanescem, nessa fase tardia da minha pesquisa, são aqueles de Ana Montenegro, pseudônimo de Ana Lima Carmo, nascida em Quixeramobim aos 13 de abril de 1915 e falecida em Salvador aos 30 de março de 2006; e de Regina Stela Studart Quintas, nascida em Fortaleza, a 26 de junho de 1926, e que exerceu, em Brasília, as funções de jornalista e escritora, sendo autora de diversos livros na seara da crônica.
A professora Carla Castro, nas suas pesquisas
sobre o assunto, aponta o nome da poetisa Antônia Sampaio Fontes, natural de Baturité e autora dos livros Relíquias do Coração (1980) e Samambaias, o último publicado de maneira póstuma, em 2009, pelo seu neto, Eduardo Fontes, igualmente, poeta.
Outros nomes que também remanescem, nessa fase tardia da minha pesquisa, são aqueles de Ana Montenegro, pseudônimo de Ana Lima Carmo, nascida em Quixeramobim aos 13 de abril de 1915 e falecida em Salvador aos 30 de março de 2006; e de Regina Stela Studart Quintas, nascida em Fortaleza, a 26 de junho de 1926, e que exerceu, em Brasília, as funções de jornalista e escritora, sendo autora de diversos livros na seara da crônica.
Indicada para o Prêmio Nobel da Paz, Ana
Montenegro passou para a História como uma das grandes militantes políticas do
Brasil, com repercussão internacional, tendo publicado, em 1981, o livro Ser ou Não ser Feminista, ao lado de outros volumes nos campos do testemunho e da memória.
No que tange ao ensaio literário,
não é menor a participação da mulher na literatura cearense; também nesse campo
a inteligência feminina se distinguiu pela sua qualidade. Basta que aqui
citemos os nomes de Dinorá Thomaz Ramos:
Padre Antônio Thomaz – Príncipe e dos Poetas Cearenses (1950), Vera Lúcia
Moraes: A Arte Poética de Artur Eduardo
Benevides (1978); Aglaêda Facó:
Guimarães Rosa – Do Ícone ao Símbolo (1982); Noemi Elisa Aderaldo: Nos Caminhos da Literatura (1983); e
Dulce Maria Viana: Cara e Coroa
(1983).
A estes, devem ser acrescidos os nomes de Auri Moura Costa: Misérias da Casa de Detenção (1968);
Beatriz Alcântara: La Revolte Positive de
Simone de Beauvoir (1973); Regina Fiúza: O Pão da Padaria Espiritual (1977); Moreninha Augusto: Manual da Mulher (1982); Ruth Abtibol: O Quinze à Luz da Linguística (1982); e
Maria Eurides Pitombeira Freitas: As
Ideias Literárias de José de Alencar: Um Programa Nacionalista (1984).
No campo da historiografia, especialmente alocada para o registro da
nossa produção literária, não podemos esquecer o nome de Maria da Conceição
Souza; nem ignorar a reputação das professoras e historiadoras: Zélia Viana
Camurça e Valdelice Carneiro Girão, sócias pioneiras do Instituto do Ceará.
Já no pertinente às ciências sociais e
políticas, merecem referidos os nomes de Luciara Silveira Aragão: A Ibiapaba no Século XVII e Uma Análise de
Suas Condições Socioeconômicas (1976); Maria Arair Pinto Paiva: A Elite Política do Ceará Provincial
(1979); Sinhá D’amora: Quarenta Anos de
Vida Artística (1981); Maria Magnólia Lima Guerra: Aspectos Jurídicos do Uso do Solo Urbano (1981); Teresa Frota
Haguette: O Mito das Estratégias de
Sobrevivência (1982); Amália Xavier de Oliveira: O Padre Cícero Que eu Conheci (1982); e Rejane Monteiro Augusto
Gonçalves: Lavras da Mangabeira – Um
Marco Histórico (1984).
O número de cronistas, no Ceará, também é expressivo, destacando-se,
ente elas, as seguintes escritoras: Ione Arruda Gomes: Poça D’Água (1981); Maryse Weyne Cunha: Contemporização (1982); Maria Orildes Sales Freitas: Caminhos por Onde Andei (1982);
Valdelice Alves Leite: Ao Correr da Pena
(1974), Contrastes e Detalhes (1979)
e Mensagens e Acontecências (1983);
Angela Marinho: Mulher no Cio (1984);
e Luiza Correia Lima: Lavras – Ontem e
Hoje (1984).
Em torno do Grupo SIN de Literatura, gravitaram as poetisas: Lêda Maria
e Inêz Figueredo, as quais deixaram os seus nomes e a sua produção na SINantologia (1968). Lêda Maria
apareceria depois na antologia Poesia
Cearense de Hoje, organizada por Carneiro Portela (1973).
Já no Grupo Siriará de Literatura, fizeram-se presentes: Marly
Vasconcelos, Joyce Cavalcante, Fernanda Teixeira Gurgel do Amaral, Lydia Teles
e Maryse Sales Silveira, a última poetisa e a penúltima autora de três livros
inéditos, que até agora não sabemos se foram publicados. De Fernanda Teixeira
Gurgel do Amaral é o livro de contos: O
Mínimo D’Água (1978) e o inventário de textos: Trivial Variado (1984).
Joyce Cavalcante é, talvez, a mais integral revelação que a prosa de ficção
cearense tem destacado, de último, no cenário das letras brasileiras. É autora
dos romances: De Dentro Para Fora
(1978) e Costela de Eva (1980), bem
como do livro de contos: Livre &
Objeto (1981).
Outro nome que merece destaque é o de Ana Miranda, nascida em Fortaleza
em 1951. Ana residiu em Brasília e mora atualmente no Rio de Janeiro, para onde
se transferiu em 1969. Publicou dois livros de poemas: Anjos e Demônios (Rio, José Olympio Editora, 1978) e Celebrações do Outro (Rio, Editora Antares,
1983).
Na
presente resenha, não descemos a maiores valorações (lembrando-se aqui a data
referencial da pesquisa: julho de 1984). A abordagem crítica que está a exigir
um trabalho desta natureza será objeto de futura investigação, que a esta se
seguirá em encadeamento lógico. É o que espero.
Fortaleza, 05.08.1984
Dimas, parabéns pelo blog. Sua segura pena dá a ele um caráter de inteligente literariedade e competência. Gostei desse seu estudo sobre a literatura feminina no Ceará.Logicamente, merece um estudo subsequente, até porque ficará mais completo. Vale a pena você investir nisso.
ResponderExcluirQuando puder, visite também o meu blog: http://gispoesias.blogspot.com
Um beijo dessa sua amiga e fã.
A sensibilidade que só as mulheres possuem é responsável pela genialidade da literatura produzida por elas. O que seria de nós, leitores, sem a irreverência de ícones como Clarice Lispector e do amor e entrega de Cecília Meireles? A produção literária cearense não fica atrás. Sem o talento e inspiração dessas escritoras citadas no texto e de muitas outras que não são tão conhecidas por nós, é óbvio que a literatura desse Estado não seria tão rica e única como é.
ResponderExcluirDimas,
ResponderExcluirvocê traçou um largo panorama da literatura feminina cearense e,segundo o título,é apenas uma introdução. Na realidade, você realizou uma extensa pesquisa, que vem desde o período de formação da literatura feminina cearense, com as pioneiras Ana Nogueira Batista, Emília Freitas,Francisca Clotilde, Ana Facó e Alba Valdez, cujas obras foram, recentemente, analisadas por Cecília Cunha em seu belo livro Além do Amor e das Flores: primeiras escritoras cearenses (2008)e chega aos nossos dias (1984). Suas informações são preciosas para aqueles que se interessam pela Literatura Cearense e para todos que amam a literatura feminina. Por favor, dê continuidade a esse trabalho e transforme-o em livro, pois será uma excelente fonte de pesquisa para nossos alunos.
Grande abraço.
Lourdinha Leite Barbosa
Verdade, Lourdinha, e pelo fato de nesses tempos aúreos e de mentalidade machista, me admira sobremaneira a grande leva de jovens e senhoras, de com certeza, madames, gente afortunada, de famílias nomináveis e ou talvéz outras simplesmente a aventurar-se nas entrelinhas... não sabia inclusive um rol tão vasto de figuras ilustres femininas, assim. O grande parente, Dimas Macêdo, mergulhou nas profundezas obscuras da literatura feminista e abriu um leque de extensa crias históricas, para futuros trabalhos, como você mesma mencionou. Abraço virtuais, a você e ao primo Dimas...
ExcluirVicente Silva Furtado (coordenador Escolar).
Faleceu na madrugada desta sexta-feira de Páscoa, a Escritora Maryse Weyne Cunha!!!
ResponderExcluirAmelinha, grato por sua participação neste Blog.
ExcluirQuero crer ser Francisca Clotilde a cearense pioneira no ítem poesia, pois aos quatorze anos teve seu poema "Hora de Delírio" publicado no tradicional Jornal O CEARENSE, em Fevereiro de 1877: http://memoria.bn.br/DocReader/709506/11540. Meu interesse em pesquisar sobre Francisca Clotilde devo ao ilustre professor e poeta Dimas Macêdo, a quem tenho muito apreço e admiração.
ResponderExcluir@Ana Amélia Mota, grato por sua participação.
ExcluirGrato por essa excelente informação.
Excluir