Caracteriza-se o município de Lavras da Mangabeira pelos filhos ilustres que deu ao Ceará e ao Brasil. Dalí alçaram vôos meninos sonhadores e inquietos que mais tarde se projetariam nas mais diferentes atividades humanas.
Escritores de destaque, políticos
influentes, magistrados de renome, cientistas e artistas plásticos de projeção
internacional: eis um retrato sem retoques daquilo que é de fato e de direito a
memorável terra onde nasci.
No
campo da música, as contribuições de Gilberto Milfont e Nonato Luiz são
irrecusáveis, especialmente porque o primeiro foi coroado com o título de maior
seresteiro do Brasil e, o segundo, com o privilégio de ser um dos maiores
violonistas do mundo.
O grande compositor, solista, instrumentista
e arranjador brasileiro Francisco Araújo é também filho do glorioso município
de Lavras, porque ali nasceu aos 12 de abril de 1954.
Natural do sítio Caixa D’água,
distrito de Quitaiús, Francisco Alexandre Araújo é descendente de uma família
de músicos, sendo filho de Estevão Cipriano de Araújo e Pedrina Alexandre
Oliveira, e neto, pelo lado materno, de Henrique Alexandre Ferreira e Maria
Gomes de Oliveira.
Seu avô paterno, Manuel Pessoa de Araújo,
era natural da Paraíba e primo do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, mas
em face da sua condição de andarilho, veio a fixar residência nas margens do
Riacho do Rosário. A sua condição de latifundiário, contudo, não chegou a pesar
na formação de Estevão Cipriano, que incutiu nos filhos o amor pela música e
pelas coisas mais belas do espírito.
Francisco estudou as primeiras letras em sua terra
natal, mas a família mudou-se muito cedo para São Paulo, face à intuição visionária
de Estevão Cipriano que queria um futuro promissor para os filhos, iniciando Francisco
Araujo os estudos de música aos doze anos de idade.
Desde muito cedo, Francisco foi influenciado pelo refinado gosto musical
que lhe foi transmitido pelo pai, que era um exímio solista de violão e
cavaquinho e colecionador de um seleto arquivo de gravações, tanto da música
instrumental brasileira direcionada para o repertório do violão, quanto de
produções musicais de outros instrumentistas, cantores e intérpretes.
Apesar de possuir um invejável
domínio técnico do violão, Estevão Cipriano não tinha conhecimento de teoria
musical, e quando percebeu a manifestação espontânea do talento musical do
filho, decidiu procurar o professor e violonista José Alves da Silva, conhecido
pelo pseudônimo de Aimoré.
Foi sob a orientação desse
professor que Francisco Araújo ampliou seus conhecimentos técnicos relativos ao violão e estudou teoria musical,
solfejo e harmonia aplicada ao violão, debruçando-se então sobre a literatura
que remarca a teoria do violão erudito, incluindo autores como Mauro Giuliani,
F. Tárrega e Agustín Bárrios, e no mais pesquisando a obra de virtuoses do
violão brasileiro, da estirpe de Garoto, Laurindo de Almeida, Dilermando Reis,
Baden Powell, Villa-Lobos e Paulinho Nogueira.
A primorosa orientação do Mestre
Aimoré foi quem o levou ao Conservatório Musical de São Caetano do Sul, por
onde obteve Graduação em Música, constando que após a sua formatura, estudou harmonia tradicional com Osvaldo Lacerda,
composição com o maestro italiano Guido Santórsola e harmonia funcional com o
musicólogo alemão J.J.Koellrreuter e com Zula de Oliveira e Marilena de
Oliveira.
Em seguida,
Francisco Araujo frequentou o vigésimo Curso de Música, realizado em Santiago
de Compostela (Espanha), em 1986, ministrado por Andrés Segovia e Antônio
Iglesias, expressões máximas da teoria do violão e mestres de várias gerações
de violonistas de talento.
Além da Graduação em Música,
Francisco Araújo bacharelou-se em História, com habilitação em Estudos Sociais,
História da Arte e História da Música Brasileira, na Universidade Ibirapuera,
em 1991, mas é à música que ele presta todas as reverências, inclusive na
condição de mestre e de professor da Pontifícia Universidade Católica da São
Paulo.
Participou dos
festivais de inverno de Campos do Jordão, nos anos de 1973 e 1974, e foi
considerado pela crítica como a maior revelação violonística daqueles
festivais, os quais tiveram como diretor o maestro Eleazar de Carvalho, e
patrocínio da Secretária de Cultura e Turismo do Estado de São Paulo.
Em 1974, fez
sua primeira turnê pelas grandes capitais do Norte e Nordeste do Brasil, na
esteira do Projeto Barca da Cultura, criado pelo teatrólogo e escritor Pascoal
Carlos Magno e com patrocínio do Plano de Ação Cultural do MEC. Este projeto
teve a duração de três meses e tinha como objetivo divulgar o teatro, a música
e as artes plásticas nas mais diversas regiões do Brasil.
O ano de 1977
foi decisivo para a carreira musical de Francisco Araújo. Foi nesse ano que ele
venceu o I Concurso de Composição Para Obras Violonísticas Isaías Sávio,
patrocinado pela Universidade de Música Palestrina de Porto Alegre, em convênio
com o MEC e a FUNARTE, com sua obra para solo de violão denominada Valsa Virtuosa Nº 1, editada
posteriormente nos Estados Unidos, pela editora Columbia Music Company, de
Washington.
Suas
apresentações em teatros e salas de concertos se intensificam a partir de 1977,
marco inicial de sua careira de intérprete e compositor. E suas atividades
docentes continuaram plenas no Conservatório Dramático e Musical Dr. Calos de
Campos, em Tatuí, São Paulo, entre 1976 e 1991. Além desse respeitável
Conservatório, entre 1995 e 1998, foi Professor da Academia de Música e Arte do
Instituto Adventista de Ensino.
Em
1998, gravou o primeiro CD, pela CPC-UMES, intitulado De Sertões e Serestas, contendo obras instrumentais para solos de
violão, todas de sua autoria, sendo este CD considerado pelos críticos como
sendo um divisor de águas na história do violão no Brasil. E em 2002 foi a vez
do CD Deitando e Rolando, também
divulgado pela CPC-UMES. E a partir de então não parou mais de crescer esse
excepcional instrumentista brasileiro, sendo de 2010 o seu terceiro CD, Estilo Brasileiro.
Pesquisador
incansável da história do violão e um dos maiores teóricos desse importante
instrumento musical, Francisco Araújo é autor do livro Violão, Uma História Brasileira, destacando-se também como intérprete
dos mais autorizados da música brasileira de formação clássica e erudita.
A sua produção
musical para solos de violão é bastante extensa e diversificada, somando mais
de quatrocentas obras instrumentais dos mais variados estilos, destacando-se
entre elas a Coleção de Valsas Românticas, contendo 90 peças, e os 35 Estudos
Técnicos Para Violão, divididos em duas séries: 10 pequenos estudos e a grande série de 25 estudos, sendo esses
estudos fruto de sua formação erudita.
Já as suas
Sonatas Jazzísticas, para flauta e violão, pertencem à sua produção
camerística, entre todas elas merecendo destaque as seguintes: Balé Gitano, Dança Oriental, Danças
Exóticas, Seis Prelúdios Apoteóticos,
Sete Valsas Virtuosas, Sonata Estilizada e Suite Cigana.
Trata-se, pois,
de nome que honra a cultura musical do Ceará e do Brasil e que bem alto eleva o
município cearense que o viu nascer.
Embora tenha eu vevido minha adolecência e até parte da minha joventudo com Francisco Araújo,é uma pena há mais de vinte anos que não temos contato,talvez por conta dessa loucura de vida que se leva nas grandes metrópolis,mas contudo;quero que ele continue realizando esse sonho que era seu : em fazer seu nome ficar na história da música instrumental.
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