Dimas Macedo
Gabriel José da Costa, Bacharel
em Filosofia, ex-comunista e ex-seminarista, é uma das figuras mais vivazes da cultura
cearense, destacando-se como livreiro, mecenas e protetor de muitos que, no
Ceará, lutaram pela Democracia, especialmente após a abertura política.
A sua conhecida Livraria
Gabriel, ainda em funcionamento, durante a década de 1980, tornou-se, em Fortaleza,
uma espécie de abrigo de intelectuais, artistas, escritores e militantes
políticos de esquerda.
Na sua sede, na Rua Edgar Borges,
no centro de cidade, a Livraria Gabriel congregou os vários segmentos da cultura
cearense que experimentavam o seu estágio de transformação.
Culto, douto e sempre muito inteligente,
Gabriel sabia de tudo e sobre tudo dava conselhos em matéria de Literatura e Militância
Política, e dizem que abria os bolsos para financiar os movimentos de rebeldia
contra o senso comum.
Em tudo o que fazia, Gabriel era apoiado
pela sua mulher, Dona Maria das Neves, a Nevinha, esclarecendo-se aqui que, no
passado, ele foi senhor de diversas companheiras, qual um perfeito Don Juan.
Depois, esse velho militante político se
internou na Faculdade de Direito da UFC e na Universidade de Fortaleza, em
cujos Campi ainda mantém as suas
livrarias, hoje bastante reduzidas, em face do avanço do capitalismo e das redes
de distribuição e controle do mercado livreiro.
O que poucos sabem é que Gabriel José da
Costa é um exímio poeta, que traz na alma a marca de pernambucano desabusado e
rebelde, tendo ele projetado no seu livro – 30
Poemas de Amor e Morte Para a Bem Amada os fundamentos da sua miragem
literária.
Esse doce livrinho de linguagem
lírica e de estrutura polifônica bastante plural e escandida, chega, agora, à
sua sétima edição, tirada pela Fundação Edson Queiroz, com projeto gráfico de
Geraldo Jesuíno da Costa e apresentação de Batista de Lima.
Recomendo a todos que leiam essa nova edição
de 30 Cantos de Amor e Morte Para a Bem
Amada, pois se trata de um livro da melhor extração, e de livro marcado
pelo signo da poesia de alta qualidade.
Seria
impossível ao leitor não se apaixonar pela poesia de Gabriel e pela arte
gráfica de Geraldo Jesuíno condensadas nesse conjunto de poemas. O sentimento
amoroso e o apelo místico que ressaem das páginas desse livro emprestam a esse
conjunto de poemas a elegância maior da sua sonoridade.