Quando Linguagem Viva passou a circular, a literatura brasileira ganhou
uma tribuna de honra, eficiente e comunicativa. Pilotado por Adriano Nogueira e
Rosani Abou Adal, o jornal tornou-se uma ferramenta incomum enquanto veículo de
divulgação dos nossos escritores.
Rosani, desde 2004, dirige sozinha
essa conhecida nave literária, mas o time que a acompanha não arrefeceu.
Turbinou suas asas e as suas letras, e o que se vê é uma imensa pista
percorrida.
Linguagem Viva não brinca em serviço, e
hoje já pode olhar para trás, contrariando uma sentença antiga, vendo que
trinta anos foram decorridos, plenos de trabalho e determinação.
Ganhamos todos nós, é claro, e eu
posso me orgulhar de ter apoiado o projeto desde o ponto de partida, por ser
amigo de Caio Porfírio Carneiro e de Rosani, alma e rosto da nossa política
literária.
Caio, grande Caio; Rosani, grande
Rosani, esteios de Linguagem Viva, da
UBE e dos escritores que teimam com a resistência e com a palavra, com o
imaginário e com a produção cultural do Brasil.
A festa dos trinta anos de Linguagem Viva me fez voar até São
Paulo para ouvir a voz de Rosani, de Geraldo Pereira, de Cláudio Feldmann e de
Fernando Jorge em defesa desse grande projeto, e para lamentar a partida de
Caio, Adriano Nogueira e Aluysio de Mendonça Sampaio.
No auditório Vladimir Herzog, do
Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Linguagem
Viva debutou como balzaquiano, rufou seus tambores e nos garantiu que irá
em frente, lépido e fagueiro, assim como um pássaro emplumado que voa pelas
cordilheiras.
O que vi e ouvi em Sampa, acerca da sobrevida
de Linguagem Viva, deixou-me a
certeza de que o jornal vai continuar caminhando, aplainando vales e subindo
montanhas, contra a tempestade e o sopro do vento.
Creio que não seremos menos, pois se
não formos mais, ficaremos sempre no platô, guardando o projeto que Rosani
levantou e que sustém em suas mãos, sob os olhares de Luís Avelima e de outros
expressivos intelectuais.
Paulo Veiga, Henrique L. Alves e
Jorge Medauar não puderam comparecer ao evento, mas ali os seus espíritos
pairavam e me faziam pensar em Nelly Novaes Coelho e Costa Sena, com quem eu
palmilhava, na década de noventa, o centro de São Paulo, entre fervores
musicais e lembranças do nosso querido Ceará.
Na festa de Linguagem Viva senti as ausências de Nicodemos Sena, Fábio Lucas,
Dalila Teles Veras e Flora Figueiredo, seres que gostaria de abraçar, em
homenagem ao verbo de Antônio Cândido, Paulo Bonfim e Mário de Andrade,
paulistas da gema, e da clara grandeza da alma paulistana.
Brás,
Bexiga e Barra Funda, de Antônio de Alcântara Machado, a Pauliceia Desvairada, de Mario de
Andrade, os nichos culturais e todos os achados artísticos que brotam das ruas de
São Paulo se fundem em mim quando penso em homenagear Linguagem Viva nos seus trinta anos.
Não fico por aqui apenas porque
estou encerrando este texto; fico porque quero voar ainda mais, nas asas e nas
letras de Linguagem Viva. E porque São
Paulo é o território onde floresce essa tribuna da vida literária.
São Paulo, 21/092019
Belo artigo!
ResponderExcluirPrezado Aury, ter você como leitor é um grande incentivo para a minha carreira de escritor.
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