Dimas Macedo
As manifestações artísticas e naturais
constituem um conjunto de signos que nos ajudam a entender porque estamos no
mundo, e qual o significado que a obra de arte representa, e porque a sua
fruição é tão essencial para as nossas relações com o ser e o devir.
A Filosofia parece ser a mãe de
todas as artes, e as expressões da arte sempre estão a sugerir perguntas que
não se unificam em torno de um fim. Uma das funções da Arte é estimular
percepções e criar um novo sistema de linguagens, ou exercer a faculdade, que
lhe é inerente, de formular uma paródia para a existência.
A Beleza, assim como a Ética,
requer um pensamento filosófico que possa justificar a sua procedência,
levando-nos às categorias da Estética para a compreensão desse imperativo,
sobre o qual versaram filósofos tão dispares quanto Platão e São Tomás de
Aquino, e especialmente, Kant e Friedrich Hegel, na modernidade.
As questões estéticas são questões
filosóficas, e requerem, de quem as enfrenta, uma reflexão e um ponto de
partida que estejam ancorados na dúvida e na diversidade, e no confronto da
mente com a Dialética, a primeira entre todas as formas de conhecimento.
O livro de Alder Teixeira e
Carolina Araújo, Arte: Da Estética e
Outras Questões (Mossoró: Sarau das Letras, 2019), dispensa qualquer forma
de apresentação, em face do discurso maiêutico no qual o seu texto se desdobra,
abrindo-se para os seus leitores desde os seus matizes e os seus argumentos, aí
enfrentando os autores assuntos da maior relevância para o estudo da Arte e dos
seus potenciais fenomenológicos.
A exposição dialógica da Estética
e da Filosofia que a compreende, no caso, a Filosofia da Arte, não é recurso
usado com frequência por filósofos modernos. Pertence ao jeito de explicar
inerente aos antigos, sendo, assim, de grande utilidade, a forma escolhida
pelos autores para veicular as teses que professam, e que são instigantes.
O que é Arte? O que são os estilos
de época? O que a Arte significava na antiguidade e o que ela significa em
termos de consumo? As artes possuem um valor? Os pães e o circo seriam,
efetivamente, aquilo que parecem, se a Arte não os tivesse transformado? Eis
algumas perguntas que o leitor pode inferir da leitura atenta deste livro.
O convite que recebi de Alder
Teixeira para fazer a abertura do volume, honra-me sobremodo. A ele,
intelectual exemplar e amigo querido, junta-se a inteligência de Carolina
Araújo, arquiteta e poetisa do more filosófico que se colhe na troca de ideias.
Os autores hão de perdoar, com
certeza, o alongamento deste texto que fiz contra a minha previsão. Alder me
pediu um comentário, mas creio que me excedi, na medida em que os prazeres do
texto se foram relevando, e tornando o ensaio ainda mais provocante.
Antes de iniciar sua leitura,
pensei que o texto trabalhado pelos autores fosse daqueles que clamam por uma
explicação, acerca da sua natureza. Enganei-me, pois se trata de uma obra
aberta, que exige de quem a desvela, sensibilidade, e olhos para ver aquilo que
os discursos anulam nas sociedades de intenso consumo.
Após a leitura, as minhas indagações,
dúvidas e interrogações ficaram ainda mais acesas. E tudo isso para mim é um
regalo, e regalo maior será para aqueles que vierem a se acercar deste livro,
de onde brotam uma rosa vermelha e um ramalhete, uma experiência de vida e um
fervor filosófico para a Esperança.
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