terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Pedro Paulo Montenegro


                 Dimas Macedo


                O ano de 2014 assinala o quadragésimo aniversário de um livro: A Teoria Literária na Obra Crítica de Araripe Júnior (Rio: Editora Tempo Brasileiro, 1974), do grande ensaísta cearense Pedro Paulo Montenegro, ex-professor do Curso de Letras da UFC e um dos luminares da nossa cultura literária. 

                Com a divulgação desse livro, destacava-se o mestre Pedro Paulo não apenas no plano da literatura cearense, pois a teoria crítica de Araripe Júnior foi por ele de forma tão sutilmente vasculhada e exposta, que a sua referência ficou como exemplo da nossa evolução no campo literário.

               Lançado no bojo de uma coleção que, na época, abrigava as vertentes mais paradoxais e legítimas do pensamento crítico, nas áreas da Literatura e da Comunicação, esse livro de Pedro Paulo Montenegro restauraria, no Ceará, a tradição da crítica literária que vem de Rocha Lima (1855-1878) e culmina com os conhecimentos amplos e a argúcia de Braga Montenegro. 

                Esse último foi justamente o prefaciador do livro de estreia de Pedro Paulo Montenegro: Convivências (Fortaleza: Imprensa Universitária, 1966), livro que já entremostra o aparato crítico e literário desse estudioso maior da obra de Araripe Júnior.

               Especificamente sobre Convivências, o pensamento de Braga Montenegro faz-se no sentido de que, além do “cabedal teórico” de que se serve Pedro Paulo, “dispõe ele de uma acentuada predisposição crítica, sem a qual não seria capaz de formular, sob critérios próprios, os ensaios de que se compõe o presente livro”.

               Na opinião de Francisco Carvalho, o maior de todos os poetas do Brasil, na atualidade, a produção teórica de Pedro Paulo Montenegro, “destaca-se pela qualidade, pela riqueza dos enfoques estilísticos, pelo brilho dos conceitos e das ideias, pela abrangência e verticalidade das exposições”. 

               E em outro passo acrescenta Francisco Carvalho: “na cátedra como fora dela, tem-se distinguido pela determinação e coerência com que se entrega às reflexões na busca incessante de explicar e compreender toda essa gama de matizes e de situações subjacentes nos escaninhos mais profundos e secretos da obra literária”.

               Publicado em 1996, pela Casa de José de Alencar/UFC, Situações e Interpretações Literárias é o terceiro conjunto de ensaios de Pedro Paulo Montenegro. O livro traz judicioso prefácio de Sânzio de Azevedo, ensaísta e historiador maior do nosso passado literário, e orelhas de Francisco Carvalho, o que honra e distingue a crítica e a teoria formuladas por esse grande pensador e arauto da nossa estética literária.

               E a nova crítica, “que se fundamenta não apenas no new-criticism anglo-americano, mas também na estética de Croce, na explicação de textos francesa, no formalismo russo e na estilística espanhola”, segundo Sânzio de Azevedo, encontra nesse último livro de Pedro Paulo Montenegro uma de suas instâncias máximas de representação no Brasil. É obra que confirma, por certo, “o domínio pleno que Pedro Paulo Montenegro tem da crítica literária”.

            Sou um admirador discreto de Pedro Paulo Montenegro. Mantenho-me à distância dele porque possuo formação cultural diferente da sua. Não me enquadro no perfil de crítico por ele elaborado. Sou um autor de textos literários, tão-somente. Ele é um mestre: talvez o maior de todos aqueles que lidamos com a literatura e com as formas estéticas que os criadores literários nos ensinam a cada nova descoberta.

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