sábado, 17 de novembro de 2018

Ingmar Bergman: Um Centenário


        Dimas Macedo



         Ingmar Bergman, ao lado de Glauber Rocha, Akira Kurosawa, Stanley Kubrick, Pedro Almodóvar e de outros grandes cineastas, integra a galeria dos maiores nomes do cinema.

         Extremamente criativo, nas suas intenções e nos seus cuidados com a arte, Bergman, contudo, se destaca, entre todos, por ser um clássico que dialoga com o moderno, sem deixar de lado os abismos da condição humana e os limites da nossa finitude.

        Os países da Escandinávia o têm como referência máxima da sua cultura, em todos os planos da estética, ressalvando-se aqui o alcance universal da literatura de Andersen e a filosofia de Soren Kierkegaard.

        A sua recepção, no Brasil, sempre foi muito calorosa, especialmente, por críticos de cinema e cinéfilos do mais alto coturno, prevalecendo, na sua audiência, os iniciados no domínio da arte visual.

        Os títulos da sua filmografia apontam para o simbólico e a dialogia, e constituem sentenças de linguagem que já denunciam os sentidos maiores da Filosofia e da Alteridade.

        No livro exemplar de Alder Teixeira, Ingmar Bergman: Estratégias Narrativas (Fortaleza: Editora Premius, 2018), a estética da Literatura se conjuga com a estética do Cinema, e o resultado o eleva aos domínios da restauração cultural e do reconhecimento.

        2018 é o ano do centenário de Ingmar Bergman, e um dos pontos de inflexão deste evento, parece ser, justamente, a publicação deste livro, louvando-se o Ceará e o Brasil com esta memorável contribuição, a qual constitui um marco, especialmente, porque se trata de pesquisa de viés acadêmico recortada pela leveza de uma linguagem cativante.

         O argumento principal deste livro corresponde à tese de doutoramento do autor, defendida na Universidade Federal de Minas Gerais, em 2014. Compreende uma reflexão acerca das técnicas de montagem do grande cineasta sueco, centrando-se a abordagem da pesquisa em filmes como O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, Sarabanda e Cenas de Um Casamento.

         Em todo o percurso da obra, contudo, podemos perceber a argúcia do autor e a perspectiva na qual o diretor de Gritos e Sussurros fundamenta a sua criação e os seus argumentos. 

         O estilo literário de Alder Teixeira afasta-se do jargão acadêmico, prima pela correção do texto e pela poética da sua alocução e do seu viés comunicativo, instâncias nas quais a literatura e o cinema aparecem como pano de fundo.

         Alder Teixeira – intelectual, escritor e leitor de sólida formação – é uma das vozes que, em Fortaleza, ressaem com muito poder de discussão, de argumentação e de convencimento.

         A elegância do seu texto e os seus conhecimentos filosóficos fazem de Alder Teixeira um escritor primoroso e um teórico da Literatura e do Cinema que desvela, com amor, os seus objetos de pesquisa.

         Conversar com Alder é abrir, ainda mais, os escaninhos da mente para a recepção da escrita e da sua intertextualidade, é acolher a linguagem da sua interação, é sorver a música da razão e do silêncio, em toda a sua plenitude.

         Como registro da paixão de um escritor por um cineasta, Ingmar Bergman: Estratégias Narrativas assume, com certeza, na bibliografia sobre Bergman, o lugar que lhe foi reservado, o lugar do desejo e da reparação, e da metalinguagem que se faz com a força da palavra.

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