Poeta Edmar Freitas
Dimas Macedo
Nas ilhas literárias em que o Brasil se divide, o
mapeamento dos seus escritores ainda continua sendo feito pelos manuais de
formação acadêmica e pela gratuidade com que seus poetas frequentam os clubes
sociais e as academias.
A literatura cearense, infelizmente, não é
uma exceção nesse campo. Os nossos intelectuais também se distinguem pelos
critérios acima referidos e, com raras exceções, não reconhecemos os escritores
que edificaram suas trajetórias na modéstia, ou não transitam nos espaços
elitistas.
Prosadores como Nilto Maciel, Audifax Rios,
Ana Miranda, Oswald Barroso ou Pedro Salgueiro é possível que não tenham
sonhado ingressar em uma das nossas entidades acadêmicas, instituições que
abrigam, no geral, seres considerados imortais.
Edmar Freitas não é um poeta fabricado por
essas vitrines sociais, é possível nunca tenha pensado sobre isso e que ainda
não conheça (ou que conheça muito bem) as tinturas do meu coração, capazes de
expressar essas verdades, desagradáveis, talvez, para seus leitores.
Pede-me que
escreva o prefácio do seu livro Metáforas de Sal e assume o
risco pelas consequências daquilo que eu possa dizer. Edmar, no entanto, me
parece um poeta bastante original, econômico com o uso das palavras e
consciente (plenamente consciente) do extrato sintático e melódico da sua
produção.
A estética
do fragmento, os valores da existência humana (nos sentidos usados pela
Filosofia e a Inquietude) e a simbologia das nossas raízes sociais estão no seu
livro como portas de entrada no seu universo, rico de sugestões e de gosto
literário que se reinventa pela criação do poema.
Trata-se
de um poeta que tem a consciência da sua expressão, e que não faz literatura
apenas como forma, mas como maneira de sonhar com a sua memória, pagando um
tributo expressivo à Literatura.
Gostei bastante de Metáforas
de Sal, da sua concisão, da sua temática e da música com gosto de palavras
que ele reinventa. Edmar Freitas é poeta dos bons, e escritor que sabe carregar
na alma a chama da poesia que ilumina o coração humano, e que os deuses revelam
apenas aos artistas eleitos.
Poesia não é apenas sentimento
artístico, nem, muito menos, um conjunto de ideias ou de ideologias. São
palavras ou formas literárias que expressam uma visão de mundo, ou no sentido
da sua interpretação no sentido da sua transformação.
Não se trata de arte
descritiva, mas criativa. A melodia, o ritmo e a metáfora se integram na sua
estrutura polifônica e nas suas assonâncias e tonalidades. A poesia fala pelos
poetas, e quem não é poeta não pode exprimir a sua voz ou auscultar as suas
ressonâncias.
Eis, portanto, o sentido das minhas
impressões e o aplauso com que recebo a poesia desse excelente poeta cearense,
Edmar Freitas, em cuja construção estética podemos sorver o sal da escrita que
perdura no nosso coração.
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