Dimas Macedo
Na minha condição de escritor,
sempre permaneci fiel ao meu sonho, e Lavras da Mangabeira, a terra onde nasci,
nunca me abandonou com as suas belezas, naturais e artificiais.
Sinto-me em desconforto quando,
anualmente, não posso contemplar o Boqueirão ou rever os lugares onde passei a
infância, pois, como já afirmou Francisco Carvalho: “Lavras é um mito que o
Salgado banha / com seu rumor de pífaro e realejo”, mostrando-nos, assim, esse
grande poeta cearense, toda a ressonância da velha Princesa do Salgado.
Em 13 de dezembro de 2010, quando me encontrava como Professor, na
Universidade de Le Havre, escrevi, na minha agenda de viagens, que “reencontrei
Lavras da Mangabeira em todas as cidades pelas quais passei em vários pontos da
Europa: assim em Londres como em Bruges, Paris, Amsterdam, Bruxelas ou
Colônia”.
E acrescentei: “é como se o mapa-múndi fosse povoado de saudades e
lembranças que se gravam nos recessos do sonho. É como se o Reno, o Tâmisa e o
Sena refletissem a brisa serena do Salgado, o mais doce de todos os rios que os
meus olhos não se cansam de ver”.
É com estas palavras que desejo saudar os estudantes do Ensino Fundamental
da minha terra, lembrando, com o coração cheio de saudades, dos meus tempos de
aluno do Grupo Escolar Filgueiras Lima e do Colégio São Vicente Ferrer.
Destaco a qualidade dos textos, em prosa e em verso, reunidos no livro –
Lavras: o Lugar Onde eu Vivo –, escrito
por esses estudantes e publicado em 2017, louvando a dedicação dos mestres que
se empenharam na realização desse projeto.
O Magistério é um sacerdócio e uma Missão. Quem descobre essa vocação e
a ela se entrega, sabe o quanto isso é uma Graça e um motivo para viver a vida
de forma ainda mais feliz.
Orgulho-me também de ser Professor, função que exerço há quarenta anos.
Lembro-me, perfeitamente, como tudo começou, em 1977, e as escolas e
universidades pelas quais passei, no Brasil e no Exterior.
Mas o que conta mesmo, para a minha visão de Professor, são os alunos,
são os estudantes envolvidos com as suas atividades e com as suas esperanças e
crenças num futuro melhor.
Nos poemas e textos coligidos percebi um amor bastante carinhoso pela
minha terra, especialmente, pelo Rio Salgado; e atentei que alguns alunos mostraram
o seu interesse pela trajetória de lavrenses, como José Telles, Sinhá D’Amora,
Eunício Oliveira e Maria Lina Machado, destacando-se a última como professora
de expressão naquele Município.
Aos participantes do projeto, apresento os meus parabéns. E não posso
deixar de dizer que, nesse livro, se guarda um esforço incomum. Sinto-me feliz
com o convite da Professora Lionete Tomaz para apresentar esse conjunto de
escritos e de lições de amor à terra que nos viu nascer.
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