quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Poeta Edimar Macedo

             Dimas Macedo

 
 
         José Edimar de Macedo pertence à linhagem dos poetas do Vale do Salgado. É natural do Sítio Calabaço (Lavras da Mangabeira – CE: 05 de julho de 1952), locus que deu ao Ceará quase uma dezena de poetas.

       Seu pai, José Zito de Macedo (Zito Lobo), costumava segurar o cabo do arado recitando folhetos de cordel, e terminou os seus dias deixando-nos um conjunto de escritos de boa qualidade: Trovas e Poemas (Fortaleza: Editora Oficina, 1990).

        O seu avô, o poeta Lobo Manso, foi uma das mais positivas legendas do folclore poético do Nordeste, merecendo elogios de pesquisadores como Câmara Cascudo e Altimar Pimentel, TT Catalão, Florival Seraine e Alberto Galeno.

        O seu tio paterno, Joaryvar Macedo, e o seu irmão, Dimas Macedo, migraram da condição de ribeirinhos, no Sítio Calabaço, para Fortaleza, onde ingressaram na Academia Cearense de Letras, ilustrando a tradição cultural da velha Princesa do Salgado.

        O poeta José Edimar de Macedo, na infância, atravessou o Córrego da Ema e o Riacho do Rosário e se fez canoeiro nas águas do Salgado do Riacho da Extrema, pastoreou rebanhos no Sítio Cajueiro e, de baladeira em punho, sentia-se um verdadeiro Napoleão da fauna e da vida social do bairro Além-Rio, onde se impunha em face do seu desassossego.

          Estudou no Grupo Escolar Filgueiras Lima e no Colégio Agrícola Prof. Gustavo Augusto Lima de sua terra natal, onde foi presidente do Centro Estudantil Lavrense. No Piauí, em diversas instituições, exerceu as suas habilidades de Técnico Agrícola, o mesmo acontecendo no Maranhão e no Ceará, onde foi gerente da Fazenda Mulungu, em Jaguaribe, e Secretário da Prefeitura de Lavras da Mangabeira.

         Vivendo uma vida intensa e de muitas inquietudes, José Edimar viajou muito pelo Brasil, demorando-se em regiões como o Centro-Oeste e o Amazonas, mas em Rosário (MA) foi seduzido pelos olhos de Naná, que o levou para o Planalto Central, residindo no Distrito Federal e em Goiás, onde fixou a sua descendência.

         Poeta popular, boêmio incorrigível e cantador de viola, destacando-se, igualmente, como professor, dirigente partidário e secretário da Prefeitura Municipal de Cidade Ocidental (GO), função que exerceu em duas oportunidades, ali tendo falecido, aos 29 de dezembro de 2011.

        O título de licenciado em Ciências Agrícolas, pela Universidade Federal do Ceará, e a sua paixão pela tradição e os cantadores do Nordeste, parece que lhes serviram de estímulo apenas ao gorjeio dos seus versos de gosto popular, e aos seus improvisos.

        Nunca desistiu de publicar um livro com a sua produção de poeta, e é por isso que ele viu, antes da morte, os seus Poemas Populares (Fortaleza: Edições Poetaria, 2010) editados pelo mestre Geraldo Jesuino.

        Por onde andou o poeta José Edimar, atravessando fronteiras do Brasil, sempre levou no coração o seu jeito livre de viver, despreocupado com os bens materiais, rico de afetos para com os pobres e os despossuídos, agradecendo a Deus e aos amigos por todas as graças e ajudas que lhe foram dadas.

        O meu irmão, José Edimar, partiu muito cedo para os braços de Deus, levando consigo as suas inquietações e as suas virtudes espirituais, mas é certo que admirou o feitio gráfico dos seus textos, porque da minha parte tudo planejei para que se revestissem de lírios os seus versos e as suas estrofes de poeta e de boêmio que sempre chamava a atenção.


                                                                                                         In Poemas Populares

                                                                                                                    Fortaleza: Edições Poetaria, 2010
  
                                                 
                                                                    José Edimar, Mércia Maria, Fabiano, Joana Cristina, 
                                                                           Dona Naná Marques e  José Edimar Júnior.

2 comentários:

  1. Dimas, seu irmão partiu muito cedo para outro plano, foi participar do coro divino; mas, graças ao seu amor e a sua generosidade, deixou um pouco do seu pensamento nos versos que publicou. Você é assim, e toda sua família, com certeza, deve amá-lo muito. Belo gesto fraterno.
    Lourdinha Leite Barbosa

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  2. Caro professor Dimas, quando pensei que me precipitara ao aludir (no Facebook) a "sua menção" ao mano NO LIVRO "A BRISA DO SALGADO", corri a conferir, pois estava junto a mim e efetivamente revi, na pág. 72, sob o título "POEMAS POPULARES", no capítulo que leva o nome "À MARGEM DA HISTÓRIA", a bela e fraternal apresentação a seu respeito (dele, JOSÉ EDIMAR).
    Ali, então, vi que ele ainda teve oportunidade de ver publicado o seu livro de poemas (POEMAS POPULARES, 2010), para só então, satisfeito com esse resultado (e com os demais frutos que produziu), despedir-se da família.
    Foi cedo demais, caro Dimas Macedo, e talvez eu nem devesse relembrar-lhe essa outra efeméride, mas não pude evitar o comentário.
    Abraços cearenses do lado de cima do Equador.

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