quinta-feira, 30 de maio de 2013

Roteiro de Bruno Pedrosa


              Dimas Macedo

          Tela produzida no Ceará em 1986,
         com esta dedicatória:
                "para o amigo Dimas Macedo,
                  com o abraço do conterrâneo
Bruno Pedrosa 



  Bruno Pedrosa é o nome pelo qual se tornou conhecido Raimundo Pinheiro Pedrosa, pesquisador e artista plástico de renome internacional, nascido no sítio Catingueira, nas proximidades do Rio do Machado, distrito de Mangabeira, aos 11 de janeiro de 1950.

Iniciou os seus estudos na cidade do Crato, transferindo-se depois para Fortaleza e, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde, em 1974, licenciou-se pela Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Realizou estágios de aperfeiçoamento em alguns países da Europa, especialmente França e Inglaterra, integrando-se, na época, nos meios artísticos e culturais londrinos.

Terminada a sua formação universitária, dedicou-se ao exercício do magistério, lecionando Folclore, Museologia e História da Arte em vários estabelecimentos de ensino do Rio de Janeiro.

Em 1976, ingressou no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, onde permaneceu por seis anos, tendo aprimorado, na clausura, as suas exímias habilidades de desenhista e aí optando pelo nome religioso de Bruno Pedrosa, em substituição ao seu nome secular, Raimundo Pinheiro Pedrosa.

Em fevereiro de 1981, tendo que fazer opção entre a vida monástica e a pintura, decidiu-se pela segunda alternativa, montando na oportunidade o seu atelier, transferindo-o depois para a cidade de Bassano Del Grappa, na Itália, onde reside há mais de trinta anos.

No Ceará, fundou o Museu de Arte do Crato e expôs na Galeria do Ideal Clube, na Galeria Inez Fiúza e na Casa de Cultura Raimundo Cela. E entre as suas exposições individuais e coletivas, podemos enumerar: Escola Fluminense de Artes Plásticas e Prefeitura Municipal de Petrópolis, 1968; Salão Fluminense de Belas Artes e Secretaria de Turismo de Nova Friburgo, 1969; Salão Paranaense de Artes Plásticas, 1971; e Mostra de Arte Universitária, Porto Alegre, 1973.

Em 1974, participou de exposição coletiva no Palácio de Cristal, em Petrópolis, e da amostra Litógrafos Sul-americanos no Museu Del Grabado Buenos Aires; e em 1975 integrou as exposições: Artes Plásticas e Literatura, em Manágua, Nicarágua; Palácio das Belas Artes e Quatro Artistas Brasileiros, no México; e Cherry e Chasse Art Festival e Gallery Of Contemporary Art, a primeira na Califórnia e a segunda em Washington, nos Estados Unidos.

Entre as suas exposições individuais, enumeram-se: Centro de Turismo de Ouro Preto e Museu Antônio Parreiras (Niterói, 1969); Associação Brasileira de Imprensa (Rio, 1970); Museu de Arte e Cultura Popular (Cuiabá, 1971); Museu de Arte do Crato (Ceará) e Galeria de Arte Casablanca (Petrópolis, 1973); Departamento de Artes da Universidade de Tennessee (1974); Fundação Hartford-Bristol de New York (Estados Unidos, 1975); Galeria da Casa do Estudante do Brasil (Rio) e Museu de Arte de São Paulo (1979).

Entre as suas primeiras premiações, podemos apontar as seguintes: Medalha de Prata, da Prefeitura Municipal de Petrópolis; Medalha de Bronze, da Sociedade Nacional de Belas Artes; Medalha de Bronze, da Sociedade Valenciana de Artes Plásticas; Medalha de Bronze, do Salão Municipal de Juiz de Fora; e Medalha do Sesquicentenário da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

Em 1973, lançou o álbum Ouro Preto, Cenário de Tiradentes, o qual, além do sucesso que obteve no Brasil, alcançou repercussão nos Estados Unidos, com exposições itinerantes na Panamerican Union, em Washington, na Galeria Couturier, em New Haven, e na Galeria Bristol, em Minneapolis.

Em 1980, ainda na clausura, publicou O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, álbum contendo trinta desenhos a bico-de-pena, comemorativo dos 1.500 anos da Ordem Beneditina, com ampla repercussão nos meios artísticos nacionais e estrangeiros. 

Além do álbum acima referido, é autor de quase uma dezena de livros, sobre arte, pintura, cultura, história e memorialismo, entre os quais, destacam-se aqueles que escreveu sobre a sua terra e a sua gente: Sertão Ser Tão Sertão (2011) e O Povo do São José (2015), nos quais demonstra ser conhecedor da formação histórica e social do Ceará.

 Paralelamente à pintura, dedica-se às pesquisas arqueológicas das civilizações pré-colombianas, especialmente a dos Incas e a dos povos indígenas dos altiplanos bolivianos e das costas do Pacífico. Visitando in loco todas as ruínas incas, no Peru, escreveu interessante ensaio sobre a arquitetura e os sistemas de construções dos povos indianos.

Seu trabalho passou por várias fases, desde o acadêmico escolar até o abstrato informal, com viagens pelo surrealismo, expressionismo e fauvismo, numa pesquisa constante de suas próprias formas de expressão. É considerado um dos maiores nomes das artes plásticas do Brasil, e um dos brasileiros de maior repercussão no plano internacional.
    

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Violonista Nonato Luiz




     Dimas Macedo
                        



   “Ouso afirmar que Nonato Luiz, um cearense de olhos cor dos mares cearenses, sua terra, de riso franco e aberto, é um dos maiores violonistas do mundo”. Com estas palavras o crítico Ronaldo Bôscoli abre a sua coluna “Eles & Eu” do jornal Última Hora, do Rio, de 21.2.1983, referindo-se a um dos mais expressivos artistas brasileiros, nascido em Lavras da Mangabeira, aos 10.8.1952, e batizado com o nome de Raimundo Nonato de Oliveira.

   Filho de Pedro Luiz Sobrinho e Alcides Vitória de Oliveira e natural do sítio Aroeiras, distrito de Mangabeira, consta que: “com apenas três anos, ganhou um cavaquinho de brinquedo do pai e, a partir daí, seu amor pela arte, principalmente pelas cordas, dava os primeiros passos”.

    Com pouco mais de dez anos, matriculou-se no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, sendo que dois anos depois já se apresentava ao lado de professores da Orquestra Sinfônica de Fortaleza.

      Em 1975, Nonato Luiz deixou o Ceará com destino ao Rio de Janeiro, e dali fez seu nome projetar-se para resto do mundo. Do Rio, pouco tempo depois, seguiu para São Paulo, onde participou de dois sucessivos concursos de violão, em todos conquistando o primeiro lugar.

    Com a vitória, volta a Fortaleza e aqui é aprovado no vestibular de música da UFC, retomando, na oportunidade, às aulas do conservatório, que havia abandonado.

     Sentindo-se em choque com o meio, regressou ao Rio de Janeiro, ali se matriculando no Instituto Villa Lobos, que abandonaria pouco tempo depois para dedicar-se totalmente à carreira de violonista, com absoluta exclusividade. 

      Em 1978, participou de concurso de violão no Teatro Vanucci, do Rio, no qual se reuniram cinquenta concertistas de todo o Brasil, executando peças de Bach, Villa Lobos, Schumann e outros músicos eruditos. 

      Compareceu ao certame executando músicas de sua autoria e foi apontado como vitorioso pelo júri, formado por Billy Blanco e Radamés Gnatalli e outros expressivos críticos de música.

       Na oportunidade, foi convidado por Fagner para participar do antológico Soro, lançado em 1979, participando também do disco Violão de Ouro, composto por peças selecionadas em concurso promovido pela TV Globo.

        E, a partir de então, não parou mais de crescer. Em 1980, lançou o seu primeiro LP, intitulado Terra, que o crítico Ramos Tinhorão, do Jornal do Brasil, apontou como um dos melhores lançamentos do ano, escrevendo que “o violonista cearense, estreante em disco, revela uma forma brasileira de descobrir novas sonoridades em seu instrumento, refletindo não apenas a realidade musical de sua região, o Nordeste (como nos arranjos de “Mulher Rendeira” e “Reflexões Nordestinas”), mas aproveitando ainda recursos do choro carioca e formas eruditas”.

       Em 1982, depois de uma série de concertos em várias capitais do Brasil, lançou seu segundo LP – Diálogo, gravado ao vivo, pela CBS, por ocasião das suas apresentações, na Sala Cecília Meireles, ao lado do conhecido violonista francês Pedro Soler, um dos primeiros instrumentistas internacionais a divulgar sua música no circuito europeu.

       E, na apresentação que a CBS escreveu para esse LP, lê-se que “é importante ressaltar que uma das grandes satisfações de Nonato é nunca ter precisado sair do Brasil para ser reconhecido como um dos maiores violonistas do mundo, conseguindo ser popular sem prejuízo de suas características de músico de formação erudita”.

       Autor de mais de quinhentas músicas instrumentais e centenas de composições populares, Nonato Luiz já se apresentou nos principais países do mundo e tem quase uma dezena de CDs gravados na Europa, paralelamente a quase quarenta CDs individuais gravados no Brasil.

       Considerado um dos mais expressivos nomes da música erudita nacional e internacional, Nonato Luiz é, hoje, um dos instrumentistas brasileiros mais respeitados no circuito europeu, no qual vem realizando, ao longo dos anos, inúmeros concertos de violão, sempre elogiados pela crítica.

       Evidenciando, a cada apresentação, a força da musicalidade erudita e popular, em toda a sua plenitude, suas composições musicais já foram gravadas por violonistas de todos os continentes, sendo uma das referências culturais do Brasil de maior prestígio no exterior.