Dimas Macedo
Foto de Clauder Arcanjo
Filho de Gil Tomás Lourenço e
Francisca Laurinda da Frota, o Padre Antônio Tomás nasceu em Acaraú (CE), a 14
de setembro de 1868. Cursou latim e francês em Sobral e concluiu seus estudos no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado sacerdote, em 1891.
Esteve longos anos a serviço da Igreja Católica, em paróquias do interior cearense,
notadamente, como vigário de Trairi e de sua terra natal, levando vida modesta,
dedicando-se à poesia e cuidando de sua vocação.
Iniciou a publicação de seus sonetos em 1901, no Almanaque
do Ceará. Seus poemas, com o tempo, se espalharam pela imprensa de todo o
Brasil, a despeito da sua humildade e timidez, recebendo, ainda em vida,
consagração popular.
Em 1924, por motivo de saúde,
afastou-se do múnus paroquial e, em 1925, em pleito realizado pela revista Ceará Ilustrado, foi eleito Príncipe dos
Poetas Cearenses,
posto no qual foi sucedido pelos poetas Cruz Filho, Jáder de Carvalho, Artur
Eduardo Benevides e Linhares Filho.
Seu nome figura entre os maiores
sonetistas brasileiros, gênero a que mais se dedicou, escrevendo, também,
composições de feição e ritmos variados, caracterizando-se por sua
independência em relação a qualquer movimento ou escola literária.
Foi integrante da Academia
Cearense de Letras e
do Instituto do Ceará, tendo falecido em Fortaleza, a 16
de julho de 1941. O seu sepultamento ocorreu na Igreja Matriz de Santana do Acaraú (CE), um dia após o seu falecimento,
sem lápide ou registro do local onde foi enterrado.
Também por manifestação de sua
vontade, dispôs que os seus poemas jamais viessem a ser reunidos, o que não
impediu que a sua sobrinha, Dinorá Tomás Ramos, viesse a recolher parte desse
acervo na sua memorável pesquisa Padre
Antônio Tomás – Príncipe dos Poetas Cearenses (Fortaleza: Tipografia
Paulina, 1950).
A segunda edição desse livro foi
tirada pela Tipografia Aragão, em 1958, e, a terceira, pela gráfica do Jornal
A Fortaleza, em 1981, o que prova a
vitalidade da poesia do Padre Antônio Tomás, indiscutivelmente, um dos grandes
poetas cearenses.
A republicação desse precioso volume
de Dona Dinorá Ramos, com prefácio de Linhares Filho e iniciativa de Manfredo
Ramos, filho da autora, teólogo e sacerdote de renome, é acontecimento dos
maiores nesta época em que perdemos os laços da memória.
De forma generosa, pediu-me o
Monsenhor Manfredo que eu redigisse este texto de apresentação, o que muito me
honra e distingue. O Padre Antônio Tomás, com certeza, merece ser conhecido
pelas novas gerações.
É nome que devemos relembrar, em face,
sobretudo, dos seus memoráveis sonetos, dentre os quais, destaco “O Palhaço”,
“Contraste” e “A Morte do Jangadeiro”.
A música que transborda da sua poesia e as lições de vida, altruísmo e
resignação que dela podemos extrair fazem da obra desse grande poeta um momento
singular na nossa literatura.
Que seja feita, portanto, a
reabilitação deste sonetista, venerado, em todo o Brasil, como um dos nossos
poetas de maior relevo.
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