quarta-feira, 29 de maio de 2019

Padre Antônio Tomás


           Dimas Macedo
                                                
                                                   
                                                                 
                                                                                                           Foto de Clauder Arcanjo


         Filho de Gil Tomás Lourenço e Francisca Laurinda da Frota, o Padre Antônio Tomás nasceu em Acaraú (CE), a 14 de setembro de 1868. Cursou latim e francês em Sobral e concluiu seus estudos no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado sacerdote, em 1891.

        Esteve longos anos a serviço da Igreja Católica, em paróquias do interior cearense, notadamente, como vigário de Trairi e de sua terra natal, levando vida modesta, dedicando-se à poesia e cuidando de sua vocação.

        Iniciou a publicação de seus sonetos em 1901, no Almanaque do Ceará. Seus poemas, com o tempo, se espalharam pela imprensa de todo o Brasil, a despeito da sua humildade e timidez, recebendo, ainda em vida, consagração popular.

         Em 1924, por motivo de saúde, afastou-se do múnus paroquial e, em 1925, em pleito realizado pela revista Ceará Ilustrado, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses, posto no qual foi sucedido pelos poetas Cruz Filho, Jáder de Carvalho, Artur Eduardo Benevides e Linhares Filho.

         Seu nome figura entre os maiores sonetistas brasileiros, gênero a que mais se dedicou, escrevendo, também, composições de feição e ritmos variados, caracterizando-se por sua independência em relação a qualquer movimento ou escola literária.

         Foi integrante da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará, tendo falecido em Fortaleza, a 16 de julho de 1941. O seu sepultamento ocorreu na Igreja Matriz de Santana do Acaraú (CE), um dia após o seu falecimento, sem lápide ou registro do local onde foi enterrado.

         Também por manifestação de sua vontade, dispôs que os seus poemas jamais viessem a ser reunidos, o que não impediu que a sua sobrinha, Dinorá Tomás Ramos, viesse a recolher parte desse acervo na sua memorável pesquisa Padre Antônio Tomás – Príncipe dos Poetas Cearenses (Fortaleza: Tipografia Paulina, 1950).

          A segunda edição desse livro foi tirada pela Tipografia Aragão, em 1958, e, a terceira, pela gráfica do Jornal A Fortaleza, em 1981, o que prova a vitalidade da poesia do Padre Antônio Tomás, indiscutivelmente, um dos grandes poetas cearenses.

          A republicação desse precioso volume de Dona Dinorá Ramos, com prefácio de Linhares Filho e iniciativa de Manfredo Ramos, filho da autora, teólogo e sacerdote de renome, é acontecimento dos maiores nesta época em que perdemos os laços da memória.

         De forma generosa, pediu-me o Monsenhor Manfredo que eu redigisse este texto de apresentação, o que muito me honra e distingue. O Padre Antônio Tomás, com certeza, merece ser conhecido pelas novas gerações.

         É nome que devemos relembrar, em face, sobretudo, dos seus memoráveis sonetos, dentre os quais, destaco “O Palhaço”, “Contraste” e “A Morte do Jangadeiro”.
       
          A música que transborda da sua poesia e as lições de vida, altruísmo e resignação que dela podemos extrair fazem da obra desse grande poeta um momento singular na nossa literatura.

          Que seja feita, portanto, a reabilitação deste sonetista, venerado, em todo o Brasil, como um dos nossos poetas de maior relevo.

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