Terminei a leitura de Rui Facó – O Homem e Sua Missão (Fortaleza: Omni, 2014), de Luís-Sérgio Santos. A pesquisa foi publicada em convênio com o Inesp, no âmbito da coleção Biografias, e traz a marca editorial da Fundação Astrojildo Pereira, de Brasília.
O
que propõe esse livro? Uma abordagem acerca da vida e da obra de um dos nossos
maiores intelectuais – Rui Facó –, natural de Beberibe (Ceará) e autor de
livros fundamentais para a compreensão da nossa formação, tais os casos de Brasil – Século XX (traduzido em
diversos idiomas) e Cangaceiros e
Fanáticos, um dos clássicos da sociologia brasileira, ao lado de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto
Freire.
Escrito por um dos nossos
melhores jornalistas – Luís-Sérgio Santos –, o livro traz um cheiro bom de
reportagem, abrindo um leque que vai da morte de Rui Facó, numa queda de avião,
na Cordilheira dos Andes, até o encontro desse personagem com a sua missão de
escritor e de aguerrido militante do Partido Comunista Brasileiro.
O livro de Luís-Sérgio Santos
acha-se recheado de vários documentos e traz uma rica e diversificada
iconografia, que passa por Beberibe, no Ceará, Salvador, Rio de Janeiro, Moscou
e diversos lugares do Brasil e do Mundo por onde passou Rui Facó com o fervor
da sua inquietude.
Livro denso e humano a um só
tempo, Rui Facó – O Homem e Sua Missão
é uma das melhores pesquisas de caráter biográfico publicadas no Ceará, nos
últimos tempos. Li e recomendo a todos a sua leitura, porque diversificada a
sua riqueza de detalhes e rico o seu conteúdo, e porque instigantes as suas
linhas de montagem e a sua linguagem.
A leitura de Cangaceiros e Fanáticos, ainda na década de 1970, abriu os meus
olhos para a metodologia de corte dialético que preside à sua redação e à
análise das estruturas sociais que forjaram o banditismo e o misticismo no
Nordeste. Esse livro de Rui Facó foi, portanto, a minha primeira forma de
aproximação com a visão marxista de compreensão da existência social.
Luís-Sérgio Santos, o autor desse
livro sobre Rui Facó, foi meu editor no suplemento de cultura do Diário do Nordeste, no início da década
de 1980, e a sua formação, acerca dos meios de comunicação, ajudou a
transformar a concepção do jornalismo e da informação entre nós.
Rui Facó não foi apenas um
cientista social e um conhecedor da cena política brasileira. Passou para a
história, também, como jornalista e intelectual, dos maiores que o Brasil
conheceu, não apenas no transcurso do século passado, justificando, com
certeza, a biografia que agora lhe foi dedicada.
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