Zito Lobo é pseudônimo pelo qual se tornou conhecido, em Lavras da Mangabeira (CE), José Zito de Macedo, nascido naquele Município, mais precisamente, no Sítio Calabaço, aos 29 de novembro de 1922, e falecido em Fortaleza, aos 24 de março de 1987.
Filho de Antônio Lobo de Macedo (Lobo Manso) e de Maria de Aquino Furtado, era neto de Joaquim Lobo de Macedo e de Maria Joaquina de Macedo, pelo lado paterno, sendo seus avós maternos, Antônio Furtado de Menezes (Totonho) e Maria Guilhermina de Aquino.
Durante a infância e juventude, residiu na cidade de Lavras, onde fez seus estudos primários no tradicional Grupo Escolar, sendo depois vitorioso no exame de admissão no Ginásio do Crato, aí encerrando-se a sua formação escolar.
Aos 27 de novembro de 1945, matrimoniou-se com a minha mãe, Maria Eliete de Macedo, sua prima legítima, filha de José Furtado de Macedo e Maria das Mercês Macedo, havemdo dessa união os seguintes filhos: Rivaldo, Lúcia, José Edimar, Marta, Dimas, Zito Filho e Sandra Maria de Macedo, todos educados pelo trabalho e o estudo e pela Fé Católica por ele professada.
No Sítio Calabaço, viveu da pecuária e da agricultura, mudando-se novamente para Lavras, em 1958, especialmente em face da seca que assolou o Ceará nesse período. Ali, desenvolveu atividades no Sítio Cajueiro, que adquirira, por compra, do seu primo e cunhado, Vicente Favela de Macedo.
Das terras desse pequeno sítio, localizado na margem esquerda do Riacho
da Extrema, à relativa distância da cidade de Lavras, meu pai extraía o
sustento da família, tendo por fontes o plantio e a colheita de grãos e os
recursos da pecuária.
Atuou também no Sítio Coqueiros, de sua propriedade, situado próximo à
barragem do Rio Salgado, onde manteve uma pequena vacaria e uma vazante repleta
de fruteiras e hortaliças, e com três pequenas residências.
Seu nome remarca as tradições de sua cidade natal, onde ostentou exemplo
de vida fincado na justiça e na participação, agindo sempre com serenidade, que
era traço maior da sua distinção.
Integrando-se a diversas instituições em sua terra, ali foi um dos
fundadores do Círculo Operário dos Trabalhadores Cristãos, de cujo núcleo
regional foi presidente, ajudando, ele próprio, a construir a sede dessa
sociedade, entre o galpão da RVC e a Rua da Cajarana, edifício que ainda hoje
se mantém.
Foi um dos criadores e gestores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, e
instituidor da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais de Lavras da Mangabeira,
que igualmente dirigiu, ali defendendo os valores da agricultura e do crédito
para pequenos produtores.
Em 1966, participou da fundação do diretório
municipal do MDB, ao lado de outros conterrâneos, tais como João Guedes de
Araújo, Jaime Lobo de Macedo. Otoni Lopes de Oliveira e Antônio Pinto de
Macedo.
E, ao abrigo dessa vivência, teve o seu nome
cogitado ao cargo de prefeito, o mesmo ocorrendo em 1976, quando o industrial João Ludgero Sobreira o quis transformar
em chefe da edilidade. De ambos os encargos ele soube se eximir com elegância,
afirmando não possuir interesse pelas coisas do poder.
Relações de estima e afetividade foram valores
que sempre difundiu entre os seus. O seu carisma e disposição de servir à causa
comunitária marca, indelevelmente, a sua trajetória, hospedando ele em nossa
casa, nas férias de julho e no início de cada ano, os seus parentes que
residiam em Fortaleza.
Integrou o Lions Clube de sua terra e, junto à Paróquia de Lavras, teve
destacada atuação, especialmente, na promoção das suas festividades, dos seus
novenários e festas do Padroeiro, nas quais comparecia com a sua opa, ajudando
na organização das procissões e na condução do andor de São Vicente
Ferrer.
Mudando-se para Fortaleza, em 1975, meu pai
foi Cooperador Salesiano na Paróquia da Piedade, ali integrando as associações
do Sagrado Coração e de Nossa Senhora Auxiliadora, e exercendo funções de
direção junto ao Círculo Operário dos Trabalhadores Cristãos, vinculado ao
bairro onde residia.
Dotado de simplicidade e de expressão discreta
e cativante, meu pai tinha uma forte ligação com suas raízes cearenses, sendo
ele autor de um livro de poemas que atesta o seu amor à poesia e à cultura da
sua região.
Sempre acompanhei a sua dedicação à
escritura e à leitura, mas não me acorreu a ideia de que, no final dos seus dias, a sua
criação de poeta estivesse pronta para ser publicada.
Dessa circunstância é que nasceu a edição de Trovas e Poemas (Fortaleza: Oficina,
1990; 2ª ed. Fortaleza: Edições Poetaria, 2011), volume no qual reuni os seus poemas
produzidos especialmente após a morte de minha mãe, Maria Eliete de Macedo, aos
10 de outubro de 1975.
Da sua emoção de poeta brotaram trovas e sonetos
recheados de recordações, e poemas que despertaram a atenção de Joaryvar Macedo
(de quem era irmão unilateral) e José Alcides Pinto, que escreveram sobre sua
obra.
Revestindo os seus versos de fino gosto
artesanal, valeu-se da trova, da décima e do repente para denunciar os
contrastes do nosso esquecido sertão, seguindo, nesse passo, a influência maior
da poesia popular.
Ao
ensejo da criação da Academia Lavrense de Letras, o poeta Linhares Filho foi um
dos primeiros a indicar o seu nome para Patrono de uma das Cadeiras, gerando,
de plano, a concordância de todos os presentes.
Honra-me o fato de ser filho desse denso e
memorável Zito Lobo. A sua retidão e leveza de espírito e o seu desejo de
servir ao próximo e de amar à causa de Deus e da Igreja constituem parte do que
mais admiro na sua formação.
Eu sempre o amei e venerei da forma
mais sentida, e da forma mais sagrada daquilo que faz parte de mim, e que me
ensina a ser, a cada instante, um servo fiel do seu amor, bastando-me o seu
exemplo como modelo de amparo e proteção para todos nós.