Dimas Macedo
Vicente de Paroca
Neto
do poeta Fausto Correia de Araújo Lima e da sua primeira mulher, Olímpia de
Araújo Lima (Lolô), Vicente Ferrer Lima ou Vicente de Paroca, como se tornou
conhecido, na sua juventude, nasceu em Lavras da Mangabeira-CE, aos 7 de março
de 1921.
Foram
seus pais: Artur Correia Lima (filho de Lolô e de Fausto) e Maria Augusto Lima
(Paroca), filha de Ana de Araújo Lima (Nanu) e de Antônio Carlos Augusto,
conhecido por Boboi ou Caboclo Carlos.
Contam que a sua mãe era uma mulher de
religiosidade exacerbada e que muito se orgulhava dos seus antepassados,
especialmente do seu avô paterno, João Carlos Augusto, antigo Deputado
Provincial e fundador da oligarquia-mor do Vale do Salgado.
O avô paterno de Vicente foi um dos
maiores cantadores de viola do Ceará, na segunda metade do século dezenove.
Estudou com o Padre Cícero Romão de Juazeiro, no Colégio do Padre Rolim, em
Cajazeiras, na Paraíba, e depois se tornou amigo e compadre desse grande
taumaturgo do Nordeste.
Vicente cresceu ao abrigo dessas
influências, estudou com professores públicos em sua terra, participou do
cotidiano da velha Princesa do Salgado, mas a sua vocação de artista sempre
falou muito alto em sua alma, levando-o inicialmente para Fortaleza, onde foi
aluno do tradicional Liceu do Ceará.
Um dos seus colegas de aventura juvenil,
na época, Paulo Bonavides, fala, ainda hoje, com entusiasmo, da sensibilidade
cultural de Vicente, destacando os encontros em sua residência, na Rua do
Imperador, a sua intuição de artista e o cuidado especial do poeta com a sua
cabeleira.
A era do rádio e os eflúvios culturais
do pós-guerra pegaram o destino de Vicente Lima pela mão. Começou como cantor e
locutor da Rádio Iracema de Fortaleza, passou depois por João Pessoa, pela
Rádio Industrial de Juiz de Fora (MG), Rádio Guarani e Rádio Capital, de Belo
Horizonte, e por diversas rádios dos Diários Associados, inclusive no Rio de
Janeiro.
Além de radialista, atuou Vicente Lima
como teatrólogo, ator, encenador, roteirista e diretor de operetas musicais na
agitada Belo Horizonte das décadas de 1950 e 1960, onde se tornou popular,
recebendo, inclusive, homenagem da Câmara Municipal daquela importante capital,
em 9 de maio de 1996, mercê da sua militância cultural e do seu talento de
artista.
Escreveu e encenou diversas peças de
teatro, entre elas Jacanã (burleta em
dois atos), Retalhos do Nordeste e O Espetáculo é Assim, nas quais coloca
em discussão a bravura do vaqueiro, a alvorada no Nordeste, a hilaridade do
cotidiano e a força indomável das nossas raízes populares.
Vicente Ferrer Lima ou ainda Vicente de
Paroca, como carinhosamente a ele se referem os seus conterrâneos, sempre se
deixou envolver pelo mais puro enlevo da poesia e pelas notas musicais que
arrancou da sua alma de tenor e seresteiro, de compositor e de boêmio, e de
intérprete maior de Vicente Celestino.
Em 1953 a sua marchinha de carnaval, Rosalina, alcançou primeiro lugar em
concorrido certame musical em Juiz de Fora, realizando Vicente, por igual,
diversas apresentações como cantor, destacando-se entre elas o Festival de
Vicente Lima, a temporada na Boite Acaiaca, em Belo Horizonte, e a turnê ao
lado de Oswaldina Siqueira, então cognominada a Princesa do Rádio.
O seu sucesso de compositor, cantor,
tenor e seresteiro invadiu a década de 1960, e o resultado desse êxito
expressou-se na gravação de discos e compactos, destacando-se entre eles aquele
intitulado Baú da Saudade, que foi
apresentado em forma de CD.
O conjunto dos seus poemas inéditos ou
publicados em jornais e revistas, foram por ele reunidos no livro – Sertão Diferente e Outros Poemas, e
outras tantas criações de sua autoria, no campo literário, estão sendo
compiladas no volume Poemas e Canções,
graças à atuação dos seus filhos Vicente Ferrer Lima Júnior e Geralda Soares
Lima.
Em ambos, o traço indelével do seu jeito
de ser, da sua alma romântica e enlevada, do seu amor ao Nordeste, ao Ceará e
ao Brasil, não faltando a marca registrada do profundo amor à sua terra.
Lavras da Mangabeira e a brisa do
Salgado, o Boqueirão de Lavras e o fervor de todos os seus conterrâneos e
amigos orgulham-se desse grande poeta, cantor e seresteiro, falecido aos 9 de
setembro de 2001.
A Academia Lavrense de Letras, ciente do seu valor no plano cultural, o
elegeu patrono de uma das suas Cadeiras, e o elegeu também para brilhar, entre
os lavrenses que mais distinguiram a sua terra.
Meu pai com certeza é para qualquer radialista do planeta referencia de amor a profissão.
ResponderExcluirJesus Cristo, bom dia!
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