quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Coronel Gustavo Augusto Lima



Dimas Macedo



Chefe político de grande envergadura, comerciante e também agricultor e um dos homens de maior prestígio do sul do Ceará, nasceu Gustavo Augusto Lima em Lavras da Mangabeira, aos 23 de agosto de 1861. Filho da destemida e famanaz Dona Fideralina Augusto e do major Ildefonso Correia Lima.

Assim como o avô materno (João Carlos Augusto) e assim como a mãe, nasceu o menino Gustavo um exemplo perfeito de temperamento político, sobressaindo-se como o maior entre todos os políticos da oligarquia implantada pela família em Lavras da Mangabeira e que perdurou por mais de um século.

Aprendeu as primeiras letras em sua terra natal e, posteriormente, foi concluir o seu aprendizado em Cajazeiras, na Paraíba, no tradicional Colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim, o mesmo estabelecimento de ensino onde estudaram o Padre Cícero Romão e José Marrocos, figuras com quem manteve forte relação de amizade, especialmente durante a questão religiosa de Juazeiro.

Sentindo-se vocacionado para a política, regressou à cidade de Lavras, onde viria a exercer os cargos de coletor das rendas provinciais do município e membro do Conselho de Intendência Municipal, sendo, em começos do século precedente, nomeado delegado municipal do Partido Republicano Conservador. 

 Foi integrante da Primeira Companhia do Batalhão da Guarda Nacional da Comarca de Lavras, por patente de 7 de outubro de 1889, em substituição a Tomás Duarte de Aquino. Mas o exercício do mando e a barganha eleitoral e política foram as suas ferramentas de poder, no plano da vida social.

Em 26 de novembro de 1907, ajudado pela mãe, Dona Fideralina Augusto, derrubou do poder local o seu irmão, Honório Correia Lima, controlando, dessa forma, a chefia da Intendência e o poder político estadual em Lavras da Mangabeira, cujo município administrou como quis, tendo Intendente da sua terra de berço entre 26 de agosto de 1908 e 5 de março de 1912. 

Senhor de vastos domínios territoriais e políticos, em 7 de abril de 1910 resistiu bravamente à invasão da cidade de Lavras, por cento e cinquenta homens comandados por Joaquim Vasques Landim, defendendo o burgo ameaçado pelos maiores coronéis do Cariri e consolidando, assim, a sua posição no âmbito da vida política do Estado.

          Na condição de mandatário do município de Lavras, fez-se partícipe do famigerado Pacto dos Coronéis, assembleia política realizada na então vila de Juazeiro, sob os auspícios do Padre Cícero Romão, aos 4 de outubro de 1911, sendo, no ato, representado pelo seu filho, o coronel João Augusto Lima.

            Líder, no Ceará, do Partido Republicano Conservador, “comandava e dispunha de um terço do eleitorado cearense”. Conhecido pela sua pertinácia política, participou com grande contingente de homens para o êxito da Revolução de 1914, que destronou o Governo de Franco Rabelo.

  A sua intervenção nesse movimento, conhecido por Sedição de Juazeiro, foi das mais relevantes, tendo, inclusive, disputado, com Floro Bartolomeu, a sua liderança, em cuja vanguarda encontrava-se quando as tropas caririenses invadiram Fortaleza, em 1914, tendo sido aclamado, no momento, pelo alto comando da Revolução, como general de campo, em alusão às suas estratégias. 

    Aquartelando o seu estado maior no piso inferior do Palácio da Luz, o Coronel Gustavo teve papel decisivo na constituição do novo governo cearense, indispondo-se, daí por diante, com Floro Bartolomeu, numa rixa que ganhou as páginas da imprensa de todo o Brasil.  

    Com o triunfo da Sedição de Juazeiro, foi nomeado prefeito da sua terra de berço, por ato de 21 de março de 1914, permanecendo nesse posto até 27 de agosto de 1920, mas ali sempre reinou de forma soberana desde a deposição do seu irmão, Honório Correia Lima, revestindo sempre as características do mandonismo e tomando partido nas disputas que sacudiram as estruturas políticas do seu tempo.

    Foi deputado à Assembleia Legislativa do Ceará, nas legislaturas de 1915 a 1916, de 1917 a 1920 e de 1921 a 1923, destacando-se, durante esse período, como líder do governo e presidente da referida Assembleia. 

   Eleito vice-governador do Ceará, para o biênio 1914-1916, exerceu essa função paralelamente ao mandato de deputado estadual e ao cargo de prefeito municipal da sua terra.

   Político de temperamento forte e de decisões que causavam temor a seus adversários, sempre que raivoso ameaçava passar os inimigos nas moendas do engenho Pau Amarelo, cidadela e reduto inexpugnável da sua fortaleza política. Contra o poderoso caudilho de Juazeiro do Norte, Floro Bartolomeu, destilou a sua valentia e as suas ousadas ameaças.

  Contudo, apesar do prestígio político e do cargo de deputado estadual que ocupava, foi alvejado a tiros de revólver, na Praça do Ferreira, no centro comercial de Fortaleza, a 28 de janeiro de 1923, vindo a falecer a 1º de fevereiro, na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, sendo sepultado no cemitério São João Batista desta cidade. 

  É vastíssima a crônica histórica que se tem escrito em torno de sua pessoa e do seu assassinato. Embora alguns vejam mistério em sua morte, como o é o caso de Gustavo Barroso, o certo é que ela foi um reflexo de acontecimentos ocorridos em Lavras da Mangabeira aos 9 de janeiro de 1922.









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