Dimas Macedo
Chefe
político de grande envergadura, comerciante e também agricultor e um dos homens
de maior prestígio do sul do Ceará, nasceu Gustavo Augusto Lima em Lavras da
Mangabeira, aos 23 de agosto de 1861. Filho da destemida e famanaz Dona
Fideralina Augusto e do major Ildefonso Correia Lima.
Assim
como o avô materno (João Carlos Augusto) e assim como a mãe, nasceu o menino
Gustavo um exemplo perfeito de temperamento político, sobressaindo-se como o
maior entre todos os políticos da oligarquia implantada pela família em Lavras
da Mangabeira e que perdurou por mais de um século.
Aprendeu
as primeiras letras em sua terra natal e, posteriormente, foi concluir o seu
aprendizado em Cajazeiras, na Paraíba, no tradicional Colégio do Padre Inácio
de Sousa Rolim, o mesmo estabelecimento de ensino onde estudaram o Padre Cícero
Romão e José Marrocos, figuras com quem manteve forte relação de amizade,
especialmente durante a questão religiosa de Juazeiro.
Sentindo-se
vocacionado para a política, regressou à cidade de Lavras, onde viria a exercer
os cargos de coletor das rendas provinciais do município e membro do Conselho
de Intendência Municipal, sendo, em começos do século precedente, nomeado
delegado municipal do Partido Republicano Conservador.
Foi integrante da Primeira Companhia do
Batalhão da Guarda Nacional da Comarca de Lavras, por patente de 7 de outubro
de 1889, em substituição a Tomás Duarte de Aquino. Mas o exercício do mando e a
barganha eleitoral e política foram as suas ferramentas de poder, no plano da
vida social.
Em
26 de novembro de 1907, ajudado pela mãe, Dona Fideralina Augusto, derrubou do
poder local o seu irmão, Honório Correia Lima, controlando, dessa forma, a
chefia da Intendência e o poder político estadual em Lavras da Mangabeira, cujo
município administrou como quis, tendo Intendente da sua terra de berço entre
26 de agosto de 1908 e 5 de março de 1912.
Senhor
de vastos domínios territoriais e políticos, em 7 de abril de 1910 resistiu
bravamente à invasão da cidade de Lavras, por cento e cinquenta homens
comandados por Joaquim Vasques Landim, defendendo o burgo ameaçado pelos
maiores coronéis do Cariri e consolidando, assim, a sua posição no âmbito da
vida política do Estado.
Na condição de mandatário do município de Lavras, fez-se partícipe do
famigerado Pacto dos Coronéis, assembleia política realizada na então vila de Juazeiro,
sob os auspícios do Padre Cícero Romão, aos 4 de outubro de 1911, sendo, no
ato, representado pelo seu filho, o coronel João Augusto Lima.
Líder, no Ceará, do Partido
Republicano Conservador, “comandava e dispunha de um terço do eleitorado
cearense”. Conhecido pela sua pertinácia política, participou com grande
contingente de homens para o êxito da Revolução de 1914, que destronou o
Governo de Franco Rabelo.
A sua intervenção nesse movimento, conhecido
por Sedição de Juazeiro, foi das mais relevantes, tendo, inclusive, disputado,
com Floro Bartolomeu, a sua liderança, em cuja vanguarda encontrava-se quando
as tropas caririenses invadiram Fortaleza, em 1914, tendo sido aclamado, no
momento, pelo alto comando da Revolução, como general de campo, em alusão às
suas estratégias.
Aquartelando o seu estado maior no piso
inferior do Palácio da Luz, o Coronel Gustavo teve papel decisivo na
constituição do novo governo cearense, indispondo-se, daí por diante, com Floro
Bartolomeu, numa rixa que ganhou as páginas da imprensa de todo o Brasil.
Com o triunfo da Sedição de Juazeiro, foi
nomeado prefeito da sua terra de berço, por ato de 21 de março de 1914,
permanecendo nesse posto até 27 de agosto de 1920, mas ali sempre reinou de
forma soberana desde a deposição do seu irmão, Honório Correia Lima, revestindo
sempre as características do mandonismo e tomando partido nas disputas que
sacudiram as estruturas políticas do seu tempo.
Foi deputado à Assembleia Legislativa do
Ceará, nas legislaturas de 1915 a 1916, de 1917 a 1920 e de 1921 a 1923,
destacando-se, durante esse período, como líder do governo e presidente da
referida Assembleia.
Eleito vice-governador do Ceará, para o
biênio 1914-1916, exerceu essa função paralelamente ao mandato de deputado
estadual e ao cargo de prefeito municipal da sua terra.
Político de temperamento forte e de decisões
que causavam temor a seus adversários, sempre que raivoso ameaçava passar os
inimigos nas moendas do engenho Pau Amarelo, cidadela e reduto inexpugnável da
sua fortaleza política. Contra o poderoso caudilho de Juazeiro do Norte, Floro
Bartolomeu, destilou a sua valentia e as suas ousadas ameaças.
Contudo, apesar do prestígio político e do
cargo de deputado estadual que ocupava, foi alvejado a tiros de revólver, na
Praça do Ferreira, no centro comercial de Fortaleza, a 28 de janeiro de 1923,
vindo a falecer a 1º de fevereiro, na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza,
sendo sepultado no cemitério São João Batista desta cidade.
É vastíssima a crônica histórica que se tem
escrito em torno de sua pessoa e do seu assassinato. Embora alguns vejam
mistério em sua morte, como o é o caso de Gustavo Barroso, o certo é que ela
foi um reflexo de acontecimentos ocorridos em Lavras da Mangabeira aos 9 de
janeiro de 1922.
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