Dimas Macedo
José Gomes Magalhães é um dos melhores
seres humanos que conheço. Tenho por ele uma admiração e um afeto que me fazem
pensar no cultivo do amor filial, e na amizade que se constrói com os laços do
tempo. Nele, a simplicidade de logo se revela, e o traço da sua humanidade é
aquilo que primeiro transborda e que nos contagia.
Dedicou o Professor Magalhães toda
sua vida ao ensino da língua e da literatura, no Brasil e no exterior,
fazendo-se Mestre, no Ceará, no domínio da cultura germânica; sendo também
assessor dos mais qualificados da UFC, em assuntos internacionais.
Ensinou a muitos, no Ceará, a
escrever de forma mais correta, como revisor e conselheiro no campo da política
de textos, mas a poucos relevou a sua identidade de esteta, isto é, a sua
condição de novelista e poeta primoroso que se impõe pela concisão e pelo
domínio seguro da escrita.
Riacho & Cidades (Fortaleza,
Expressão Gráfica, 2011) é o livro da sua diversidade criativa; e este outro
livro, a novela por ele intitulada – Letícia
Carialba –, é o inventário máximo da sua construção semântica e da sua
pluralidade de formas.
Penso que essa longa ficção de José
Gomes Magalhães foi construída a partir da sua trajetória no cenário
internacional – residente que foi o autor deste livro em cidades como Bochum e
Viena –, onde o ministério da vida se harmoniza com a leveza do corpo, e com os
laços da aproximação.
Letícia Carialba, a personagem
central do enredo, é possível que seja a expressão simbólica do desejo e da
reparação, tendo a estética da recepção como pano de fundo. É ela que perfaz a
aventura do espírito e o apuro do texto, a partir de todas as suas dimensões.
A estética das formas, em Letícia
Carialba, está situada no campo da memória, onde o Riacho dos Monges e São José
dos Ausentes entram em contraste com cidades como Amsterdam e Colônia, onde a
mística do desejo e a suntuosidade dos templos se conjugam com a busca da
identidade perdida.
Letícia Carialba (Fortaleza, Expressão
Gráfica, 2013), ainda que se trate da estreia do autor, no plano da longa
ficção, constitui, por igual, o livro da sua maturidade de esteta, pois se
expressa qual um projeto de enredo construído com as cores da criatividade.
Honrou-me José Gomes Magalhães
oferecendo-me o lugar de escritor das orelhas desse livro, mas o que ele fez,
em essência, foi privilegiar os leitores com a sua invenção de novelista, dos
maiores, talvez, que se tem revelado no Brasil na atualidade.
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