Cristina Couto
O efeito mágico que as águas do
Rio Salgado têm feito na vida dos lavrenses sempre foi um verdadeiro prodígio.
Seu poder de fertilização edificou na mente dos seus filhos a capacidade de
poetizar e de buscar a fundo suas origens.
Em Lavras da Mangabeira (CE) e na região
do Cariri ninguém reinou tanto como Dona Fideralina Augusto, mulher forte, que
viveu à frente do seu tempo, numa época comandada pelos homens. Ela foi senhora
da sua vontade e da vontade de muitos. Nada nem ninguém ousou desobedecer a
essa velha matrona.
Na sua terra natal, tudo parece que virou folclore, como nos contos mitológicos
das grandes civilizações, especialmente porque aquele Município viveu todas as
suas fases, tais como o nascimento, apogeu e declínio, nos permitindo, agora,
uma volta ao seu passado glorioso.
Dimas Macedo é, hoje, o maior historiador lavrense. Com a sua memória
fotográfica e o seu poder de percepção aguçada, capta as histórias perdidas e
as informações escondidas. Sua sensibilidade de poeta e sua genialidade
intelectual ultrapassam as fronteiras do tempo.
Ao escrever Dona Fideralina
Augusto – Mito e Realidade (Fortaleza: Armazém da Cultura, 2017),
Dimas faz justiça com as próprias mãos e com o brilho da sua palavra,
contestando as muitas inverdades sobre a velha matrona lavrense. Neste livro, o
autor busca resgatar a história como ela é, e não como as pessoas gostariam que
ela fosse.
Com a leitura deste livro, o que acabamos
descobrindo é que a fênix lendária de Lavras da Mangabeira – Dona Fideralina
Augusto –, renasce das cinzas em que muitos dos seus opositores teimaram em
enterrar a sua memória.
Nele, Dona Fideralina Augusto ressurge magnífica, imperiosa e poderosa como
sempre foi, e sua história, que outrora fora escrita com estilhaços de pólvora
do seu bacamarte, agora acha-se reescrita com a caneta do seu admirador maior e
arqueólogo da cultura lavrense, Dimas Macedo.
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