Osvaldo Euclides Araújo
Bons Momentos
— Contraditoriamente instalada no Brasil, em 1889, por um autêntico
golpe de Estado, desfechado por uma elite autoritária e ansiosa por influir no
aparelho do Poder, a forma republicana que nos serve de modelo tem sido,
infelizmente, balcão de despachos de uns poucos em detrimento dos grandes
interesses da nação.
— Boa parte dos magistrados e dos detentores do poder, desde os
primórdios da civilização, têm-se revelado seres potencialmente corruptos e
tresloucados pela perda da clarividência, tais os casos de juízes e chefes de
Estado que, renunciando às suas trajetórias, assumiram a falta de postura ética
como modelo de sua atuação.
— As dívidas sociais são monumentais no Brasil e o nosso patrimônio
público tem sido dominado e também degradado por empresários, chefes do
Executivo e parlamentares inescrupulosos, em tudo amparados pela convivência dos
Tribunais de Contas e do Poder Judiciário.
— É poeta de vários instrumentos, viajante lírico dos melhores e arauto
de uma épica que se quer, a qualquer custo, incrustada em nossos corações. A
emoção coloca-se no centro das suas preocupações. O tecido amoroso o envolve. E
a poesia por ele praticada é toda ela uma imensa jitirana de luz, brilhando
entre veredas de sol, iluminando os cafundós de nosso empedernido sertão.
— Sei que sou suspeito para falar do talento musical de Diego Macedo,
mas sei também que não posso mentir com relação às minhas preferências
musicais. E Diego Macedo é uma delas, como se ele não fosse uma das grandes
expressões do meu amor.
— Como jurista e professor de Direito, eu acuso o sistema político
brasileiro e os seus dirigentes pela manutenção das nossas desigualdades e pelo
aprofundamento do crime organizado, no âmbito do aparelho do Estado, e faço
isso em nome dos que sonham com um mundo novo e com um Poder Judiciário mais
justo e menos omisso com relação à aplicação da Constituição.
— No princípio era o verbo. E o verbo, encarnado, se fez justo. E o
verbo, soberano, chamava-se Augusto, e de seus ramos, imponentes, ergueram-se
as Pontes. E as fontes do saber, em Augusto, tornaram-se densas. Imensas as
suas simetrias com o seu prenome, posto que Francisco antecedia a Augusto, e
uma vez que Augusto precedia a Pontes. E Augusto Pontes, para todo o sempre, em
rendas de opala, tinha a fala mansa e o olhar agudo.
Curtas
— A violência é também resultante dos preconceitos de nossa elite
social, e em grande escala é produto do silêncio daqueles que deixam de lutar
pela afirmação da verdade, ou que trocaram a sua consciência por uma migalha de
conforto pessoal.
— Sei que a palavra e o seu significado me seduzem até a exaustão, e que
a ética e os valores supremos da beleza estão na raiz do meu equilíbrio psíquico,
mas sem a busca incessante da Justiça sei também que não faz sentido viver.
— A violência que grassa em Fortaleza e em todo o Brasil é produto da
arrogância dos nossos governantes. Não podemos ser tolerantes com essa elite
predatória, e não há por que silenciar.
— Ser livre, para os autores, seria o mesmo que ser revolucionário e
alegre.
— Precisamos da política e da sua regeneração, antes do triunfo do caos
e da desordem; e do predomínio da corrupção, praticada pelos governantes e pela
falta de postura do Judiciário.
O Autor
Poeta, jurista, historiador e crítico literário, Dimas Macedo é mestre
em Direito e Livre Docente em Direito Constitucional. É professor da
Universidade Federal do Ceará e Procurador do Estado. É cearense, filho de
Lavras da Mangabeira. Na área do Direito tem oito livros publicados, nas
outras, nove.
A Publicação
O livro Direito e Literatura,
de Dimas Macedo, em sua segunda edição, pela editora Lumen Juris, de 2017, tem
196 páginas, prefácio do próprio autor.
Circunstâncias
O livro reúne setenta e sete textos, entre crônicas e artigos, que Dimas
Macedo publicou como colaborador em variados meios de comunicação (jornais e
revistas) ao longo de anos. Do total, quarenta e sete são focados no Direito.
Os trinta outros, que o título do livro sugere pertencerem ao campo da
Literatura, abrem-se em crônicas e memorialismo.
O Livro
O livro Direito e Literatura,
de autoria de Dimas Macedo está estruturado em dois grandes blocos de texto. A
primeira parte apresenta o maior número de textos, e está dedicada ao Direito.
Dimas enfrenta temas como corrupção, história e reforma política, filosofia do
Direito, Processo e Constituição, Cidadania e Participação. Como ele mesmo diz,
no prefácio, a obra expõe os “eixos mediante os quais minha obra se sustenta”.
Na segunda parte do livro, as crônicas falam principalmente de personalidades
do mundo da arte e da cultura. Como diz o autor, ele se “deixou conduzir pelos
afetos e pelos sentimentos emocionais”.
A Importância da
Obra
Dimas Macedo expõe neste livro uma parte importante do seu pensamento
como observador da cena jurídica, política, cultural e social. Conduz o leitor
a viajar pela história e pelos assuntos delicados de sua inserção na cena de
sua terra, de seu país. Diz como vê e como sente a realidade de seu tempo,
mostra a quem dirige seus afetos, posiciona-se com clareza sobre o poder e fala
dos poderosos com rara firmeza.
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