Dimas Macedo
Ingmar Bergman, ao lado de Glauber Rocha,
Akira Kurosawa, Stanley Kubrick, Pedro Almodóvar e de outros grandes cineastas,
integra a galeria dos maiores nomes do cinema.
Extremamente criativo, nas suas intenções e nos seus cuidados com a
arte, Bergman, contudo, se destaca, entre todos, por ser um clássico que
dialoga com o moderno, sem deixar de lado os abismos da condição humana e os
limites da nossa finitude.
Os países da Escandinávia o têm como referência máxima da sua cultura,
em todos os planos da estética, ressalvando-se aqui o alcance universal da
literatura de Andersen e a filosofia de Soren Kierkegaard.
A sua recepção, no Brasil, sempre foi muito calorosa, especialmente, por
críticos de cinema e cinéfilos do mais alto coturno, prevalecendo, na sua
audiência, os iniciados no domínio da arte visual.
Os
títulos da sua filmografia apontam para o simbólico e a dialogia, e constituem
sentenças de linguagem que já denunciam os sentidos maiores da Filosofia e da
Alteridade.
No livro exemplar de Alder Teixeira, Ingmar
Bergman: Estratégias Narrativas (Fortaleza: Editora Premius, 2018), a
estética da Literatura se conjuga com a estética do Cinema, e o resultado o
eleva aos domínios da restauração cultural e do reconhecimento.
2018 é o ano do centenário de Ingmar Bergman, e um dos pontos de
inflexão deste evento, parece ser, justamente, a publicação deste livro,
louvando-se o Ceará e o Brasil com esta memorável contribuição, a qual
constitui um marco, especialmente, porque se trata de pesquisa de viés
acadêmico recortada pela leveza de uma linguagem cativante.
O argumento principal deste livro corresponde à tese de doutoramento do
autor, defendida na Universidade Federal de Minas Gerais, em 2014. Compreende
uma reflexão acerca das técnicas de montagem do grande cineasta sueco,
centrando-se a abordagem da pesquisa em filmes como O Sétimo Selo, Morangos
Silvestres, Sarabanda e Cenas de Um Casamento.
Em todo o percurso da obra, contudo, podemos perceber a argúcia do autor
e a perspectiva na qual o diretor de Gritos
e Sussurros fundamenta a sua criação e os seus argumentos.
O estilo literário de Alder Teixeira afasta-se do jargão acadêmico,
prima pela correção do texto e pela poética da sua alocução e do seu viés
comunicativo, instâncias nas quais a literatura e o cinema aparecem como pano
de fundo.
Alder Teixeira – intelectual,
escritor e leitor de sólida formação – é uma das vozes que, em Fortaleza,
ressaem com muito poder de discussão, de argumentação e de convencimento.
A elegância do seu texto e os seus conhecimentos filosóficos fazem de Alder
Teixeira um escritor primoroso e um teórico da Literatura e do Cinema que desvela,
com amor, os seus objetos de pesquisa.
Conversar com Alder é abrir, ainda mais, os escaninhos da mente para a
recepção da escrita e da sua intertextualidade, é acolher a linguagem da sua
interação, é sorver a música da razão e do silêncio, em toda a sua plenitude.
Como registro da paixão de um
escritor por um cineasta, Ingmar Bergman:
Estratégias Narrativas assume, com certeza, na bibliografia sobre Bergman,
o lugar que lhe foi reservado, o lugar do desejo e da reparação, e da
metalinguagem que se faz com a força da palavra.
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