Dimas Macedo
Autorretrato de Sinhá D'Amora
Sinhá D’Amora é o nome artístico de Fideralina
Correia de Amora Maciel, nascida Fideralina de Morais Correia Lima, no sítio
Olho D’Água, município de Lavras da Mangabeira, a 1º de setembro de 1906.
Filha de Josefa Rolim de Morais
Correia Lima e do Cel. Francisco Augusto Correia Lima, um dos maiores vultos da
história de Lavras, e neta da destemida e famanaz Dona Fideralina Augusto.
Cursou as escolas primárias de
Lavras, Jaguaribe e Icó. Com o Padre Raimundo Rolim de Morais, seu tio materno,
iniciou os estudos de segundo grau. Em Fortaleza, estudou com professores
particulares, casando-se aqui com o escritor Raimundo de Amora Maciel, da
Academia Cearense de Letras.
Em 1933, transferiu-se para o Rio de Janeiro,
onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes, fazendo em anexo estudos
superiores na Aliança Francesa, seguindo, neste passo, a tradição cultural do
seu ilustre genitor.
Em 1949, transferiu-se para Florença, na
Itália, onde residiu por um ano, quando se graduou pela Academia de Belas Artes
de Florença, ali tendo cursado também a Universidade de Estudos de Línguas e
Artes e no Centro di Cultura per Stranieri, obtendo na cadeira de História da
Arte o primeiro lugar.
Em Florença, conheceu alguns dos nomes mais
expressivos da artes plásticas do século vinte, contando-se entre eles, Pablo
Picasso, mas vale destacar que logo em seguida Sinhá D’amora tomou o destino de
Paris, onde cursou a Acadèmie de la Grand Chaumière.
Em 1963, esteve novamente na Europa, em viagem de pesquisa estética,
estudando a origem da escola impressionista no Museu Jean de Paume, em Paris,
cidade para a qual regressou em 1976, para realizar curso de aprimoramento em
língua francesa, viajando depois para o Japão e países do Oriente Médio em
1977.
Conhecida nacional e internacionalmente pela suntuosidade dos seus
quadros, participou, entre outras, das seguintes exposições: Salão Nacional do
Rio de Janeiro – desenho e pintura (1941), Exposição Anual no Salão Nobre do
Palace Hotel do Rio de Janeiro (1953 a 1961), Casa das Beiras de Lisboa (1963),
Hotel Nacional de Brasília (1963), Salão da Mulher Brasileira do Museu Nacional
de Belas Artes (1964), Museu Antônio Parreiras de Niterói (1965), Salão
Nacional do Rio de Janeiro (sendo-lhe conferida isenção de júri, 1970), Amostra
de Arte do Heverest Hotel do Rio de Janeiro (1971 a 1976) e Exposições da Youth
For Understanding (em Nova York e outras cidades dos Estados Unidos, 1975 –
1976).
“Uma pintora ilustre, consagrada:
quadros seus espalhados pelos museus e pinacotecas de sua terra e do
estrangeiro. Mais carregada de medalhas de ouro que muito Marechal vencedor de
batalhas. Exposições vitoriosas. Críticas laudatórias. Consagrada na Academia
Brasileira de Belas Artes. Curriculum tão brilhante e raro”. Eis o que sobre
ela disse Rachel de Queiroz em prefácio ao livro Sinhá D’Amora – 40 anos de
Vida Artística (Rio, Livraria Eu & Você Editora, 1981).
E não fez exagero Rachel, tendo em vista às láureas recebidas por Sinhá:
Medalha de Bronze do Salão Nacional (1941), Medalha de Prata do Salão da
Sociedade dos Artistas Nacionais (1947), Medalha de Honra do Salão de Abril de
Fortaleza (1955), Medalha de Prata do Salão da Associação dos Artistas Brasileiros
(1960), Menção Honrosa do Museu de Valparaiso – Chile (1970), Medalha de Ouro
da Academia de Medicina Militar (1971), Medalha de Ouro do Salão de Maio da
Sociedade Brasileira de Belas Artes (1972), Medalha de Prata do Salão Paulista
de Belas Artes (1972), Medalha de Ouro da Sociedade dos Artistas Nacionais
(1975), Comenda Grande Oficial da Ordem do Mérito das Belas Artes (concedida
pelo Conselho Supremo da Ordem do Mérito das Belas Artes), Medalha José de
Alencar (conferida pelo Governo do Ceará) e Troféu Sereia de Ouro, do Sistema
Verdes Mares de Comunicações.
Entre as suas grandes realizações, no plano social, estão a criação do
Curso de Restauração junto à Sociedade Brasileira de Artes Plásticas, e a
fundação e manutenção do Museu de Artes Plásticas do Crato, tendo sido criado
em Fortaleza, em 04 de fevereiro de 2002, o Memorial Sinhá d’Amora, no qual se
encontram os seus arquivos e alguns dos seus quadros de maior destaque.
Integrante da Academia Nacional de Belas Artes, Sinhá D’Amora é
considerada a maior pintora cearense de todos os tempos e uma das maiores
pintoras brasileiras, formando, ao lado de Rachel de Queiroz, a dupla máxima da
inteligência feminina que o Ceará ofertou à cultura artística do Brasil.
Sobre essa ilustre pintora cearense – que faleceu no Rio de Janeiro a 1º
de dezembro de 2002 –, existe uma farta bibliografia, valendo destacar o livro
de Túlio Monteiro: Sinhá D’Amora
(Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002), e o documentário em audiovisual: Sinhá D’Amora – Cientista da Tela e do
Pincel, de Geórgia Juliana C. Augusto Gonçalves (Fortaleza, 2013).
Sugiro leitura do livro "Sinhá D'Amora - Primeira-dama das Artes Plásticas Cearenses", Edições Fundação Demócrito Rocha - Coleção Terra Bárbara Premium; número 10; do poeta, escritor, pesquisador e crítico literário cearense Túlio Monteiro, nascido em 15.10.1964.
ResponderExcluirBrunex92, grato. O livro do Túlio Monteiro acha-se citado e recomendado no meu texto. Valeu.
Excluiré meu pai, Dimas. manda-lhe abraços, nobre antecipado.
ResponderExcluirBrunex92, meu amigo, grande abraço no Túlio Monteiro
Excluir