quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Roteiro de Sinhá D'Amora


            Dimas Macedo
 
                                                                              Autorretrato de Sinhá D'Amora

 Sinhá D’Amora é o nome artístico de Fideralina Correia de Amora Maciel, nascida Fideralina de Morais Correia Lima, no sítio Olho D’Água, município de Lavras da Mangabeira, a 1º de setembro de 1906. 

Filha de Josefa Rolim de Morais Correia Lima e do Cel. Francisco Augusto Correia Lima, um dos maiores vultos da história de Lavras, e neta da destemida e famanaz Dona Fideralina Augusto. 

Cursou as escolas primárias de Lavras, Jaguaribe e Icó. Com o Padre Raimundo Rolim de Morais, seu tio materno, iniciou os estudos de segundo grau. Em Fortaleza, estudou com professores particulares, casando-se aqui com o escritor Raimundo de Amora Maciel, da Academia Cearense de Letras. 

 Em 1933, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes, fazendo em anexo estudos superiores na Aliança Francesa, seguindo, neste passo, a tradição cultural do seu ilustre genitor.

 Em 1949, transferiu-se para Florença, na Itália, onde residiu por um ano, quando se graduou pela Academia de Belas Artes de Florença, ali tendo cursado também a Universidade de Estudos de Línguas e Artes e no Centro di Cultura per Stranieri, obtendo na cadeira de História da Arte o primeiro lugar.

   Em Florença, conheceu alguns dos nomes mais expressivos da artes plásticas do século vinte, contando-se entre eles, Pablo Picasso, mas vale destacar que logo em seguida Sinhá D’amora tomou o destino de Paris, onde cursou a Acadèmie de la Grand Chaumière.

  Em 1963, esteve novamente na Europa, em viagem de pesquisa estética, estudando a origem da escola impressionista no Museu Jean de Paume, em Paris, cidade para a qual regressou em 1976, para realizar curso de aprimoramento em língua francesa, viajando depois para o Japão e países do Oriente Médio em 1977.

  Conhecida nacional e internacionalmente pela suntuosidade dos seus quadros, participou, entre outras, das seguintes exposições: Salão Nacional do Rio de Janeiro – desenho e pintura (1941), Exposição Anual no Salão Nobre do Palace Hotel do Rio de Janeiro (1953 a 1961), Casa das Beiras de Lisboa (1963), Hotel Nacional de Brasília (1963), Salão da Mulher Brasileira do Museu Nacional de Belas Artes (1964), Museu Antônio Parreiras de Niterói (1965), Salão Nacional do Rio de Janeiro (sendo-lhe conferida isenção de júri, 1970), Amostra de Arte do Heverest Hotel do Rio de Janeiro (1971 a 1976) e Exposições da Youth For Understanding (em Nova York e outras cidades dos Estados Unidos, 1975 – 1976).

“Uma pintora ilustre, consagrada: quadros seus espalhados pelos museus e pinacotecas de sua terra e do estrangeiro. Mais carregada de medalhas de ouro que muito Marechal vencedor de batalhas. Exposições vitoriosas. Críticas laudatórias. Consagrada na Academia Brasileira de Belas Artes. Curriculum tão brilhante e raro”. Eis o que sobre ela disse Rachel de Queiroz em prefácio ao livro Sinhá D’Amora40 anos de Vida Artística (Rio, Livraria Eu & Você Editora, 1981).

  E não fez exagero Rachel, tendo em vista às láureas recebidas por Sinhá: Medalha de Bronze do Salão Nacional (1941), Medalha de Prata do Salão da Sociedade dos Artistas Nacionais (1947), Medalha de Honra do Salão de Abril de Fortaleza (1955), Medalha de Prata do Salão da Associação dos Artistas Brasileiros (1960), Menção Honrosa do Museu de Valparaiso – Chile (1970), Medalha de Ouro da Academia de Medicina Militar (1971), Medalha de Ouro do Salão de Maio da Sociedade Brasileira de Belas Artes (1972), Medalha de Prata do Salão Paulista de Belas Artes (1972), Medalha de Ouro da Sociedade dos Artistas Nacionais (1975), Comenda Grande Oficial da Ordem do Mérito das Belas Artes (concedida pelo Conselho Supremo da Ordem do Mérito das Belas Artes), Medalha José de Alencar (conferida pelo Governo do Ceará) e Troféu Sereia de Ouro, do Sistema Verdes Mares de Comunicações.

  Entre as suas grandes realizações, no plano social, estão a criação do Curso de Restauração junto à Sociedade Brasileira de Artes Plásticas, e a fundação e manutenção do Museu de Artes Plásticas do Crato, tendo sido criado em Fortaleza, em 04 de fevereiro de 2002, o Memorial Sinhá d’Amora, no qual se encontram os seus arquivos e alguns dos seus quadros de maior destaque.

  Integrante da Academia Nacional de Belas Artes, Sinhá D’Amora é considerada a maior pintora cearense de todos os tempos e uma das maiores pintoras brasileiras, formando, ao lado de Rachel de Queiroz, a dupla máxima da inteligência feminina que o Ceará ofertou à cultura artística do Brasil.

   Sobre essa ilustre pintora cearense – que faleceu no Rio de Janeiro a 1º de dezembro de 2002 –, existe uma farta bibliografia, valendo destacar o livro de Túlio Monteiro: Sinhá D’Amora (Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002), e o documentário em audiovisual: Sinhá D’Amora – Cientista da Tela e do Pincel, de Geórgia Juliana C. Augusto Gonçalves (Fortaleza, 2013).

4 comentários:

  1. Sugiro leitura do livro "Sinhá D'Amora - Primeira-dama das Artes Plásticas Cearenses", Edições Fundação Demócrito Rocha - Coleção Terra Bárbara Premium; número 10; do poeta, escritor, pesquisador e crítico literário cearense Túlio Monteiro, nascido em 15.10.1964.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Brunex92, grato. O livro do Túlio Monteiro acha-se citado e recomendado no meu texto. Valeu.

      Excluir
  2. é meu pai, Dimas. manda-lhe abraços, nobre antecipado.

    ResponderExcluir