Dimas Macedo, Capitão de Longo Curso
Edmílson
Caminha
Poeta, jurista, professor, crítico
literário, ensaísta, historiador, memorialista, editor, contista, cronista,
Dimas Macedo é intelectual ilustre, na mais nobre acepção do termo, nome que
engrandece as letras cearenses e honra a literatura brasileira. Entre o verso e
a prosa, inclui-se na genealogia literária a que pertencem Mário de Andrade,
Ivan Junqueira e Antônio Carlos Secchin: grandes poetas que também se destacam,
em outros gêneros, pela agudeza crítica, pelo apuro do estilo, pela correção da
linguagem.
Estes Trinta navios juntam-se à Liturgia
do caos, às Vozes do silêncio, a O rumor e a concha, ao Codicírio e a tantas outras obras que
fazem de Dimas Macedo uma das mais eloquentes expressões da literatura cearense
contemporânea. Como um velho lobo do mar, o autor vai do cinema de Ingmar
Bergman à poesia popular de Geraldo Amâncio, da lírica do Padre Antônio Tomás à
pintura de Sinhá D’Amora, do telurismo de Jáder de Carvalho à fabulação de
Clauder Ancanjo, sempre com clareza de pensamento, com lucidez crítica e com o
saber de experiência feito.
Diferentemente de escritores que nunca
vão além da navegação de cabotagem, Dimas Macedo prova-se, com Trinta navios, um capitão de longo
curso, a velejar tranquilo pelas águas da grande literatura. Para a felicidade
nossa, passageiros privilegiados de uma travessia ao termo da qual nunca
seremos os mesmos, pelo sentimento de que nos tornamos pessoas melhores, para
quem, depois da invenção de Gutemberg, não há viagem mais bela, nem mais
prazerosa, do que ler um bom livro.
Brasília, 25/06/2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário