João Gonçalves Primo (Joca do Arrojado) nasceu
aos 10 de outubro de 1930, no distrito de Arrojado, em Lavras da Mangabeira (CE).
Filho de Tomaz Gonçalves de Lima e de Maria do Espírito Santo Gonçalves, fez o
seu primeiro poema aos quinze anos de idade, enquanto trabalhava na roça, e desde
então, nunca mais parou.
Residiu durante toda a vida em seu
distrito de berço, casando-se, em 20 de junho de 1952, com Valderice Ventura de
Oliveira, com quem teve oito filhos: Antônio Gonçalves, Geralda Maria, Raimundo
Nonato, Francisca Gonçalves, José Ivan, Luiz Gonçalves, Rita de Cássia e
Francisco Ivanberto.
Aos 23 anos, empregou-se na Estrada de
Ferro da Rede Viação Cearense, em Arrojado, aposentando-se em 1980. Mas o
trabalho mais profícuo que realizou, foi a sua dedicação à poesia,
sobressaindo-se no seu município e na região centro-sul do Ceará como grande
poeta.
Sempre resistiu na sua faina de sertanejo,
mas também sempre permitiu, com generosidade, que muitos levassem os seus
poemas com promessa de publicação, contando-se, entre eles, políticos e
aproveitadores de todos os quilates, que se diziam seus amigos, mas que nada
fizeram pela divulgação da sua obra.
Conhecendo-o de muitos colóquios com a
poesia, no recinto de sua residência, em setembro de 2014 eu o visitei, e tomei
conhecimento de que um volume contendo boa parte da sua poesia havia sido
levado para longe.
Senti, então, que estava na hora de
fazer uma intervenção no sentido do resgate e documentação de sua poesia. Foi o
que fiz, de parceria com o seu neto, Artur Antunes, que digitalizou aquilo que
foi possível encontrar no seu espólio literário.
No livro Histórias de Um Poeta (Fortaleza: Expressão Gráfica, 2015) reuni a
parte mais conhecida de sua produção. Os seus demais poemas, ao que penso,
ficaram perdidos na memória ou no esquecimento do poeta, sempre generoso com os
seus amigos e com os valores da sua região.
Patrimônio cultural da sua terra e da
região, Joca do Arrjado é, de forma indiscutível, um grande poeta, dos maiores
que o município de Lavras produziu. Tem a linhagem dos iniciados, e pode ser
comparado, sem nenhuma dúvida, a versejadores do porte de Fausto Correia Lima,
Chiquinho Bezerra, Lobo Manso, Vicente Correia e Cabral da Catingueira.
A sua poesia é remarcada por uma claridade
impressionante. O sertão, o rio Salgado, a fauna e a flora da sua região, o
folclore, as assombrações e o jeito de sentir e de agir do sertanejo constituem
marcas da sua construção poemática e da sua visão de poeta.
Honram-me o resgate e a organização dos seus
poemas. E com isso, espero que outros escritores se voltem para a produção
desse versejador, orgulho do distrito que o viu nascer, pois a Academia Lavrense
de Letras já o tem entre os seus imortais.
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