Primtiva Igreja de São Vicente Ferrer
em Lavras da Mangabeira (CE), onde
o Bigadeiro Vicente Piragibe foi fatizado
O Brigadeiro Vicente Ferreira da Costa
Piragibe nasceu na antiga povoação de São Vicente Ferrer das Lavras da
Mangabeira (CE), aos 22 de janeiro de 1810, sendo filho do tabelião José Maurício da
Costa Ferreira.
“Devido
às terríveis perseguições da época, foi recrutado e seguiu preso para o Recife
e ali sentou praça no Batalhão de Caçadores de Primeira Linha, sendo promovido
a cabo quatro dias depois e a furriel a 6 de abril de 1829. A 7 de agosto do
mesmo ano foi elevado ao posto de 2º sargento e nessa condição seguiu com o seu
batalhão para a Corte, onde chegou a 30 de janeiro de 1831”.
No Rio de Janeiro, foi nomeado amanuense da
Secretaria do Comando das Armas da Corte a 20 de novembro de 1832, sendo
dispensado a 20 de fevereiro de 1834 para frequentar os estudos de Matemática
na Academia Militar, tendo sido aprovado em todas as matérias do 1º ano e no
exame de passagem. Em 1845, foi aprovado nas matérias do 2º ano e mais em
Geografia Descritiva.
Em janeiro de 1835 foi elogiado pelo
comandante da Academia, não só por sua distinta aplicação e conduta, mas pelas
habilidades de desenhador de uma das turmas de alunos das aulas de exercícios
práticos, o que mostra sua vocação para o desempenho da vida militar.
Com o Primeiro Batalhão de Caçadores, a 8 de
março de 1836, marchou voluntariamente para o Rio Grande do Sul, em combate à
Revolução Farroupilha, deflagrada no ano anterior. Ali ficou adido ao 8º
Batalhão de Primeira Linha, sendo que a 7 de agosto de 1837 apresentou-se ao
Quartel General da Corte, conduzindo o arquivo do seu Batalhão, que havia sido
aprisionado na vila de Caçapava, façanha que lhe ensejou alta estima por parte
do Comando Militar do Império.
Na Corte, continuou os estudos que haviam sido
interrompidos, sendo, em novembro de 1838, aprovado com grau pleno em todas as
matérias do 3º ano da Academia Militar e, a 2 de dezembro do ano seguinte,
promovido a 2º tenente, para o 4º Batalhão de Artilharia a Pé, no mesmo fazendo
o curso de Engenharia, Artilharia e Estado-Maior, tendo sido aprovado com grau
vinte de classificação de mérito.
A 20 de maio de 1842, foi nomeado para o
cargo de secretário do comandante das Armas da Corte, até então exercido pelo
Marquês de Caxias, sendo a 12 de novembro do mesmo ano promovido a 1º tenente,
por antiguidade deste posto desde 18 de julho de 1841.
Sua promoção para Capitão deu-se a 7 de
setembro de 1847, sendo a 24 de agosto de 1851 incluído no corpo do
Estado-Maior de Primeira Classe. Para o posto de Major foi promovido a 2 de
dezembro de 1854, com antiguidade de 25 de janeiro do mesmo ano, o que prova
sua evolução na carreira militar.
A 16 de junho de 1855, foi posto à disposição
do Ministério da Guerra, chefiado pelo Marquês de Caxias, que a 14 de fevereiro
de 1857 o nomeou Secretário Geral do Exército Brasileiro, sendo promovido a
Tenente-Coronel a 2 de dezembro do referido ano.
Continuando os estudos tantas vezes
interrompidos, em 1859, recebeu o grau de Bacharel em Matemática pela antiga
Escola Central, sendo a 31 de outubro de 1860 guindado ao posto de chefe da
secção da repartição do ajudante geral, passando, a 8 de março de 1861, a
servir no Gabinete do Ministro da Guerra, onde foi nomeado diretor interino da
1ª Diretoria Geral da Guerra.
Em 2
de dezembro de 1861, foi promovido ao posto de Coronel, por merecimento, e, em
30 de maio de 1862, foi nomeado diretor geral do Ministério da Guerra. Quando
no cargo de Chefe de Gabinete desse Ministério, passou a titular efetivo dessa
Pasta Ministerial, a 6 de julho de 1862, exercendo, ainda que de forma
interina, o cargo de Ministro de Estado
Adoecendo gravemente da vista, a 1º de
janeiro de 1863, afastou-se das funções que ocupava, para tratamento de saúde,
seguindo para a Europa, de onde regressou no ano seguinte, sem perspectiva de
cura, momento em que requereu a aposentadoria, que lhe foi concedida a 21 de
outubro de 1864, sendo também nessa data reformado e elevado ao posto de
Brigadeiro.
Pelos relevantes serviços prestados à causa
brasileira, que tanto defendeu, foi condecorado pelo Governo Imperial com as
comendas de Cavalheiro da Ordem de Aviz e da Ordem da Rosa e com o título de
Conselheiro do Império.
Na condição de escritor, deixou importantes
trabalhos sobre legislação militar, publicados no Indicador Militar, revista que dirigiu e da qual foram impressos 28
números, tendo sido, no Brasil, um dos pioneiros no estudo das instituições
militares e do Direito Militar.
Além de jurista, dedicou-se à poesia e a
crítica literária, tendo sido eleito deputado pelo Estado de Sergipe, em 1858,
em eleição que depois seria anulada, após a expedição do seu diploma, em face
das turbulências políticas de seu tempo. Mas na Política se manteve firme, o
que lhe valeu uma eleição para presidente da sua Província, cargo que não
chegou a assumir.
Mesmo diante de todos os títulos, honras e
saberes que lhe foram conferidos, o Conselheiro Vicente Pirabige nunca esqueceu
a sua terra, as suas origens e o sobrenome honroso com que foi batizado em
Lavras da Mangabeira, e que seria a glória de uma família da qual ele é o
fundador.
Seu falecimento, ocorrido a 13 de janeiro de
1874, no Rio de Janeiro, causou grande consternação nos meios sociais,
políticos e militares da Corte, onde desfrutava conceito dos melhores, segundo
notícias veiculadas em jornais da época.
(in Lavrenes Ilustres, 3ª ed.
Fortaleza: Editora RDS, 2012)
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