Dimas Macedo
Tela de Rosa Firmo
Desde a minha juventude, lembro que a defesa
da Justiça e da democracia se interpôs na minha caminhada. É por isso, com
certeza, que escolhi a profissão que exerço: ser advogado. Sei que a palavra e
o seu significado me seduzem até a exaustão, e que a ética e os valores
supremos da beleza estão na raiz do meu equilíbrio psíquico, mas sem a busca
incessante da Justiça sei também que não faz sentido viver.
Sempre me aproximei daqueles que defendem
esses valores, que lutam pela afirmação da cultura popular, que clamam no
deserto contra a injustiça e a perversão do capital, que sabem palmilhar seus
caminhos, instalando neles a iluminação, sem nunca reclamar a busca do tempo
que se foi.
A afirmação da cultura, para a minha visão
pessoal, não está nas Universidades, tampouco nas Academias, esses nichos de
petulância e de quase nenhuma produção, mas naqueles que fazem a cultura
prosperar, em todos os quadrantes do mundo e especialmente no sertão.
Os grandes produtores de cultura do
Ceará não estão somente em Fortaleza, como pensavam, até bem pouco tempo, os
pesquisadores eruditos, mas em toda extensão da terra de Alencar. Patativa do
Assaré, Dideus Sales, Oswald Barroso e Gilmar de Carvalho conhecem o Ceará e
suas tradições muito mais do que os poetas que mourejam no Ideal; ou muito mais
do que os eruditos que estudam a extensão da sua ignorância nos corredores do
Benfica.
Júnior Bonfim, poeta e pastor de
estrelas nas margens do Poty, com banca de advogado em Fortaleza, é um dos
nomes da cultura cearense que resplende em todo o Ceará. Sabe os ofícios da
Justiça e da reparação da Igualdade, o alfabeto da Ética e os inventários
máximos que se plantam nos rios da cultura.
É poeta de vários instrumentos,
viajante lírico dos melhores e arauto de uma épica que se quer, a qualquer
custo, incrustada em nossos corações. A emoção se coloca no centro das suas
preocupações. O tecido amoroso o envolve. E a poesia por ele praticada é toda
ela uma imensa jitirana de luz, brilhando entre veredas de sol, iluminando os
cafundós do nosso empedernido sertão.
E para além de poeta e de autor de livro de
poemas que se impõe aos ofícios da leitura, Júnior Bonfim é produtor de cultura
que não para nunca de criar. Exemplo desse seu desassombro de esteta é o seu
livro de crônicas e ensaios Amores e
Clamores da Cidade (Fortaleza, Expressão Gráfica, 2008), que agora tive o
privilégio de reler.
Trata-se de uma radiografia e de um
inventário de amores (e de clamores) da cidade que o viu nascer, em que se
mesclam personagens e cenários, e paisagens e fulgores de um estilo de vida que
se quer, também, fazer representar, tamanha a verossimilhança dos afetos e o
recorte à clef dos atores com os
quais o escritor Júnior Bonfim interage.
Não me vou alongar nesta exposição.
Digo tão somente que Júnior Bonfim para mim é irmão, porque preza o Direito,
sabe defender a Justiça e sustentar a Ética do desejo pela urbe, como se o
tecido das relações urbanas fosse a morada do ser e a reprodução da cena social.
Meu caro Dimas:
ResponderExcluirCom emocionada alegria mirei a postagem em que, com a tinta da genialidade que lhe é característica, você me deferencia.
Desprovido de quaisquer dotes para receber tal laurel referencial, sei que isso é fruto da cativante gratuidade que transpira por todos os poros de um poeta maiúsculo.
De coração, muito obrigado!
E, mais uma vez, repito: Dimas Macedo é o mais doce rebento que o rio Salgado já deu ao mundo!
Júnior Bonfim
Junior Bonfim, lhe sou grato por tudo.Forte abraço
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