Dimas
Macedo
“Ouso afirmar que Nonato Luiz, um cearense de olhos cor dos mares
cearenses, sua terra, de riso franco e aberto, é um dos maiores violonistas do
mundo”. Com estas palavras o crítico Ronaldo Bôscoli abre a sua coluna “Eles
& Eu” do jornal Última Hora, do
Rio, de 21.2.1983, referindo-se a um dos mais expressivos artistas brasileiros,
nascido em Lavras da Mangabeira, aos 10.8.1952, e batizado com o nome de
Raimundo Nonato de Oliveira.
Filho de Pedro Luiz Sobrinho e
Alcides Vitória de Oliveira e natural do sítio Aroeiras, distrito de
Mangabeira, consta que: “com apenas três anos, ganhou um cavaquinho de
brinquedo do pai e, a partir daí, seu amor pela arte, principalmente pelas
cordas, dava os primeiros passos”.
Com
pouco mais de dez anos, matriculou-se no Conservatório de Música Alberto
Nepomuceno, sendo que dois anos depois já se apresentava ao lado de professores
da Orquestra Sinfônica de Fortaleza.
Em 1975, Nonato Luiz deixou o Ceará com
destino ao Rio de Janeiro, e dali fez seu nome projetar-se para resto do mundo.
Do Rio, pouco tempo depois, seguiu para São Paulo, onde participou de dois
sucessivos concursos de violão, em todos conquistando o primeiro lugar.
Com a
vitória, volta a Fortaleza e aqui é aprovado no vestibular de música da UFC, retomando,
na oportunidade, às aulas do conservatório, que havia abandonado.
Sentindo-se
em choque com o meio, regressou ao Rio de Janeiro, ali se matriculando no
Instituto Villa Lobos, que abandonaria pouco tempo depois para dedicar-se totalmente
à carreira de violonista, com absoluta exclusividade.
Em 1978, participou de concurso de violão
no Teatro Vanucci, do Rio, no qual se reuniram cinquenta concertistas de todo o
Brasil, executando peças de Bach, Villa Lobos, Schumann e outros músicos eruditos.
Compareceu ao certame executando músicas
de sua autoria e foi apontado como vitorioso pelo júri, formado por Billy
Blanco e Radamés Gnatalli e outros expressivos críticos de música.
Na oportunidade, foi convidado por
Fagner para participar do antológico Soro,
lançado em 1979, participando também do disco Violão de Ouro, composto por peças selecionadas em concurso
promovido pela TV Globo.
E, a partir de então, não parou mais de
crescer. Em 1980, lançou o seu primeiro LP, intitulado Terra, que o crítico Ramos Tinhorão, do Jornal do Brasil, apontou como um dos melhores lançamentos do ano,
escrevendo que “o violonista cearense, estreante em disco, revela uma forma
brasileira de descobrir novas sonoridades em seu instrumento, refletindo não
apenas a realidade musical de sua região, o Nordeste (como nos arranjos de
“Mulher Rendeira” e “Reflexões Nordestinas”), mas aproveitando ainda recursos do
choro carioca e formas eruditas”.
Em 1982, depois de uma série
de concertos em várias capitais do Brasil, lançou seu segundo LP – Diálogo, gravado ao vivo, pela CBS, por
ocasião das suas apresentações, na Sala Cecília Meireles, ao lado do conhecido
violonista francês Pedro Soler, um dos primeiros instrumentistas internacionais
a divulgar sua música no circuito europeu.
E, na apresentação que a CBS
escreveu para esse LP, lê-se que “é importante ressaltar que uma das grandes
satisfações de Nonato é nunca ter precisado sair do Brasil para ser reconhecido
como um dos maiores violonistas do mundo, conseguindo ser popular sem prejuízo
de suas características de músico de formação erudita”.
Autor de mais de quinhentas
músicas instrumentais e centenas de composições populares, Nonato Luiz já se
apresentou nos principais países do mundo e tem quase uma dezena de CDs
gravados na Europa, paralelamente a quase quarenta CDs individuais gravados no
Brasil.
Considerado um dos mais expressivos nomes da
música erudita nacional e internacional, Nonato Luiz é, hoje, um dos
instrumentistas brasileiros mais respeitados no circuito europeu, no qual vem
realizando, ao longo dos anos, inúmeros concertos de violão, sempre elogiados
pela crítica.
Evidenciando, a cada apresentação, a força da
musicalidade erudita e popular, em toda a sua plenitude, suas composições musicais
já foram gravadas por violonistas de todos os continentes, sendo uma das
referências culturais do Brasil de maior prestígio no exterior.
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