Cláudio César é um dos artistas de maior
talento que conheço, e tudo o que ele produz, nos recessos do seu ateliê, me
chama de plano a atenção. Na sua obra, vejo a linhagem de um traço barroco, que
se funde com o pós-moderno, mas que não paga tributo nenhum às vanguardas, pois
entre ruptura e tradição, ele prefere ser fiel à intuição do seu imaginário.
Autor de um estilo seco e elegante,
Cláudio César é um artista plástico bastante realista, e é por isto que a sua
obra é tão impactante. Sua criação, às vezes, aponta para o caos; noutras
vezes, ela nos induz o campo da visão para o abstrato; mas tudo o que faz a sua
obra é nos provocar a consciência para o conflito político que sempre nos
espera.
Para Roberto Galvão, a criação plástica desse
grande artista cearense ensina-nos “a ter contato com saberes, desejos e
prazeres, por vezes, até inconscientes que, talvez, tivéssemos dificuldade de
perceber em diálogos outros que não através da arte”.
E no
mais acrescenta Galvão que a arte de Cláudio Cesar reflete (e também
representa) o desencanto do mundo atual, com sua crueza profana, e por certo
também com a sua “alegria triste, com um sabor por vezes amargo de falsa
moral”.
Nas suas telas, desenhos e
esculturas, Cláudio César se faz representar a partir daquilo que constitui a
sua identidade e a sua rispidez, mas é certo também que ele se deixa revelar a
partir da sua emoção artesanal, tornando-se, com isso, sagaz e expressivo,
claro, funcional e comunicativo.
Cláudio César, de forma
induvidosa, é um dos grandes artistas plásticos do Brasil nos dias atuais, mas
como é desabusado e radical na arte de fazer concessões, e de agradar às
tendências da moda, vai se deixando ser o rebelde sem causa que o é. E é por
isso que ele se torna um artista tão original.
Na sua mais recente exposição,
feita no Centro Cultural dos Correios, em Fortaleza, podemos perceber uma
amostra do seu crescimento, e acompanhar o percurso da sua trajetória, rica de
nuances e de criações que sempre se renovam.
Natural
do Rio de Janeiro, Cláudio veio muito cedo para o Ceará e aqui desenvolveu o
seu aprendizado, dedicando-se, de forma obstinada, aos apelos da sua profissão,
aqui auferindo prêmios expressivos, em mostras individuais e coletivas, isto
sem contar o seu contributo para a história da arte cearense.
O
painel de sua autoria, afixado no hall da nossa Assembleia Legislativa, é bem
uma amostra daquilo que somos enquanto o povo e nação, enquanto misticismo e
rebeldia, e enquanto escola de ironia e de humor.
Além de pintor, escultor e
desenhista, Cláudio César é também Advogado, tendo realizado, na sua juventude,
cursos de desenho básico e de desenho de publicidade nas oficinas no Parque
Lage, no Rio de Janeiro, e no Serviço Nacional do Comércio (SENAC).
Em 1992, Cláudio foi agraciado
com Medalha de Prata, por ocasião da ECO-92, mudando-se para Fortaleza dois
anos depois e aqui obtendo o reconhecimento, tanto de setores da crítica,
quanto da acolhida da sua obra em acervos públicos e particulares.
Não vou abusar da paciência dos
leitores enumerando o rol de suas conquistas, senão dizer que, enquanto
apreciador da arte, poeta e crítico literário, eu muito o admiro a sua criação,
e muito me orgulho, também, de tê-lo na conta de amigo.
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