sábado, 10 de novembro de 2012

A Arte de Cláudio César

              Dimas Macedo


                                                                                  Painel da AL do Ceará.
                                                                                  Tela de Cláudio César.
                           
                   Cláudio César é um dos artistas de maior talento que conheço, e tudo o que ele produz, nos recessos do seu ateliê, me chama de plano a atenção. Na sua obra, vejo a linhagem de um traço barroco, que se funde com o pós-moderno, mas que não paga tributo nenhum às vanguardas, pois entre ruptura e tradição, ele prefere ser fiel à intuição do seu imaginário. 

           Autor de um estilo seco e elegante, Cláudio César é um artista plástico bastante realista, e é por isto que a sua obra é tão impactante. Sua criação, às vezes, aponta para o caos; noutras vezes, ela nos induz o campo da visão para o abstrato; mas tudo o que faz a sua obra é nos provocar a consciência para o conflito político que sempre nos espera.


             Para Roberto Galvão, a criação plástica desse grande artista cearense ensina-nos “a ter contato com saberes, desejos e prazeres, por vezes, até inconscientes que, talvez, tivéssemos dificuldade de perceber em diálogos outros que não através da arte”. 

             E no mais acrescenta Galvão que a arte de Cláudio Cesar reflete (e também representa) o desencanto do mundo atual, com sua crueza profana, e por certo também com a sua “alegria triste, com um sabor por vezes amargo de falsa moral”.

             Nas suas telas, desenhos e esculturas, Cláudio César se faz representar a partir daquilo que constitui a sua identidade e a sua rispidez, mas é certo também que ele se deixa revelar a partir da sua emoção artesanal, tornando-se, com isso, sagaz e expressivo, claro, funcional e comunicativo.

             Cláudio César, de forma induvidosa, é um dos grandes artistas plásticos do Brasil nos dias atuais, mas como é desabusado e radical na arte de fazer concessões, e de agradar às tendências da moda, vai se deixando ser o rebelde sem causa que o é. E é por isso que ele se torna um artista tão original.

              Na sua mais recente exposição, feita no Centro Cultural dos Correios, em Fortaleza, podemos perceber uma amostra do seu crescimento, e acompanhar o percurso da sua trajetória, rica de nuances e de criações que sempre se renovam.

                Natural do Rio de Janeiro, Cláudio veio muito cedo para o Ceará e aqui desenvolveu o seu aprendizado, dedicando-se, de forma obstinada, aos apelos da sua profissão, aqui auferindo prêmios expressivos, em mostras individuais e coletivas, isto sem contar o seu contributo para a história da arte cearense. 

               O painel de sua autoria, afixado no hall da nossa Assembleia Legislativa, é bem uma amostra daquilo que somos enquanto o povo e nação, enquanto misticismo e rebeldia, e enquanto escola de ironia e de humor. 

               Além de pintor, escultor e desenhista, Cláudio César é também Advogado, tendo realizado, na sua juventude, cursos de desenho básico e de desenho de publicidade nas oficinas no Parque Lage, no Rio de Janeiro, e no Serviço Nacional do Comércio (SENAC).

               Em 1992, Cláudio foi agraciado com Medalha de Prata, por ocasião da ECO-92, mudando-se para Fortaleza dois anos depois e aqui obtendo o reconhecimento, tanto de setores da crítica, quanto da acolhida da sua obra em acervos públicos e particulares.

               Não vou abusar da paciência dos leitores enumerando o rol de suas conquistas, senão dizer que, enquanto apreciador da arte, poeta e crítico literário, eu muito o admiro a sua criação, e muito me orgulho, também, de tê-lo na conta de amigo.





              

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