Dimas Macedo
Lavras da Mangabeira – Ceará (16/05/1816 -16/05/2016):
eis o marco de uma civilização e de uma cultura que extrapolaram as fronteiras
do Nordeste e que pedem inscrição na própria história do Brasil.
Desde a aventura da mineração, em
meados do século dezoito, até o início do seu declínio, nas últimas décadas do
século precedente, viveu de fulgores e de lutas políticas renhidas essa velha
comuna cearense.
Produto de um cruzamento de
ribeiras (a do Aracati com aquela denominada de Ribeira do Rio do Peixe),
Lavras foi a capital colonial cearense na época da mineração (1752-1754),
quando o Ceará era governado por Luiz Quaresma Dourado.
Depois,
tornou-se palco das lutas pela Independência do Ceará (1822-1823) e capital
nacional da Confederação do Equador (1824), quando Frei Caneca, perseguido
desde a cidade do Recife, dirigiu-se para Lavras com o fim de ali se incorporar
ao exército de Pereira Filgueiras.
A Vila de Lavras era, então, dominada pela
família Xavier Sobreira, da qual procede a oligarquia dos Augustos, já “turbulenta
e sangrenta intestinamente no seu alvorecer”, na opinião de Joaryvar Macedo, o
maior historiador daquela comuna sertaneja.
Em 2016, Lavras da Mangabeira
comemora duzentos anos da sua emancipação política. Data, portanto, de
celebração de suas vitórias, de suas vinditas e da sua nobreza que se vai
derruindo, em face das ameaças ao seu patrimônio.
Lavras da Mangabeira é uma das cidades do
Ceará de história mais bem documentada e de historiografia rica e empolgante,
graças às pesquisas de Joaryvar Macedo, no passado, e à exposição dos seus
fatos históricos, no presente, pela pena incansável de Rejane Monteiro Augusto
Gonçalves.
Rejane é autora de um
quinteto de livros que tem como foco a história da sua terra e da sua gente,
entre os quais, eu destaco os seus perfis biográficos acerca de Fideralina
Augusto e do coronel João Augusto e a sua História
Eclesiástica de Lavras da Mangabeira, divulgada em 2013.
Neste ano de 2016, quando o
município de Lavras completa duzentos anos de emancipação, eis que Rejane
Augusto apresenta-nos mais um fruto das suas pesquisas - Acervo Documental de Lavras da Mangabeira (Fortaleza: Ed. Expressão Gráfica), repertório de informações e
documentos por ela resgatados do Arquivo Público Estadual.
Livro rico e precioso e de importância mais do
que histórica, porque resgata e cataloga os ofícios da Câmara Municipal de
Lavras da Mangabeira, desde 1828, data a partir da qual é possível rastrear a
sua vida institucional e as suas manifestações.
Este novo livro de Rejane
segue os passos daquela que eu considero a sua pesquisa mais afortunada e a
mais importante, que é Lavras da
Mangabeira – Um Marco Histórico, publicada em 1984.
A obstinação de Rejane e o
seu trabalho em prol da sua terra, muitos frutos ainda nos trarão. Basta que
aguardemos 2017, quando ela nos fará a entrega da sua pesquisa acerca de uma
das figuras de maior destaque da história de Lavras – o Dr. Gustavo Augusto
Lima, de quem tem o orgulho de ser filha e continuadora da sua tradição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário