sábado, 7 de maio de 2016

Lavras da Mangabeira - Acervo Documental


              Dimas Macedo


             Lavras da Mangabeira – Ceará (16/05/1816 -16/05/2016): eis o marco de uma civilização e de uma cultura que extrapolaram as fronteiras do Nordeste e que pedem inscrição na própria história do Brasil.

             Desde a aventura da mineração, em meados do século dezoito, até o início do seu declínio, nas últimas décadas do século precedente, viveu de fulgores e de lutas políticas renhidas essa velha comuna cearense.

             Produto de um cruzamento de ribeiras (a do Aracati com aquela denominada de Ribeira do Rio do Peixe), Lavras foi a capital colonial cearense na época da mineração (1752-1754), quando o Ceará era governado por Luiz Quaresma Dourado.

              Depois, tornou-se palco das lutas pela Independência do Ceará (1822-1823) e capital nacional da Confederação do Equador (1824), quando Frei Caneca, perseguido desde a cidade do Recife, dirigiu-se para Lavras com o fim de ali se incorporar ao exército de Pereira Filgueiras.

                A Vila de Lavras era, então, dominada pela família Xavier Sobreira, da qual procede a oligarquia dos Augustos, já “turbulenta e sangrenta intestinamente no seu alvorecer”, na opinião de Joaryvar Macedo, o maior historiador daquela comuna sertaneja.

                 Em 2016, Lavras da Mangabeira comemora duzentos anos da sua emancipação política. Data, portanto, de celebração de suas vitórias, de suas vinditas e da sua nobreza que se vai derruindo, em face das ameaças ao seu patrimônio.

                  Lavras da Mangabeira é uma das cidades do Ceará de história mais bem documentada e de historiografia rica e empolgante, graças às pesquisas de Joaryvar Macedo, no passado, e à exposição dos seus fatos históricos, no presente, pela pena incansável de Rejane Monteiro Augusto Gonçalves.

                  Rejane é autora de um quinteto de livros que tem como foco a história da sua terra e da sua gente, entre os quais, eu destaco os seus perfis biográficos acerca de Fideralina Augusto e do coronel João Augusto e a sua História Eclesiástica de Lavras da Mangabeira, divulgada em 2013.

                Neste ano de 2016, quando o município de Lavras completa duzentos anos de emancipação, eis que Rejane Augusto apresenta-nos mais um fruto das suas pesquisas -  Acervo Documental de Lavras da Mangabeira (Fortaleza: Ed. Expressão Gráfica), repertório de informações e documentos por ela resgatados do Arquivo Público Estadual.

                   Livro rico e precioso e de importância mais do que histórica, porque resgata e cataloga os ofícios da Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira, desde 1828, data a partir da qual é possível rastrear a sua vida institucional e as suas manifestações.

                    Este novo livro de Rejane segue os passos daquela que eu considero a sua pesquisa mais afortunada e a mais importante, que é Lavras da Mangabeira – Um Marco Histórico, publicada em 1984.

                     A obstinação de Rejane e o seu trabalho em prol da sua terra, muitos frutos ainda nos trarão. Basta que aguardemos 2017, quando ela nos fará a entrega da sua pesquisa acerca de uma das figuras de maior destaque da história de Lavras – o Dr. Gustavo Augusto Lima, de quem tem o orgulho de ser filha e continuadora da sua tradição.

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