O desejo de reeditar Barbosa de
Freitas (1860-1883) e de resgatar a vida e a obra de Joaquim de Sousa
(1855-1876), gênios máximos da poesia cearense da fase romântica, nasce com as minhas releituras e com os meus afetos para com escritores cearenses
precoces.
Joaquim de Sousa – O Byron da Canalha ou o Castro Alves Cearense (Fortaleza: Edições
Poetaria/Dimas Macedo Editor, 2003), de autoria de Sânzio de Azevedo, já está cumprindo a sua missão, tendo sido
objeto, inclusive, de monografia de conclusão de curso de graduação, em
Fortaleza, o que muito honra e distingue a memória desse grande poeta cearense,
tão precocemente maduro, quanto, prematuramente, desaparecido.
Neste texto, não vou me alongar
acerca de Barbosa de Freitas ou da sua escritura literária. A pesquisa, as
notas críticas e os esclarecimentos pontuais de Sânzio de Azevedo se bastam, na
apresentação das Poesias do autor.
Sânzio é sóbrio e comedido e é a autoridade maior para falar, no Ceará de hoje,
sobre Barbosa de Freitas e Joaquim de Sousa.
Nome de rua na Aldeota (para os
desavisados e flaneurs da “Loura
Desposada do Sol”), Barbosa de Freitas foi, na sua época e nas primeiras
décadas do século passado, um dos mais populares e recitados poetas do Ceará,
tendo alguns de seus poemas e composições musicados por nomes exponenciais da
boêmia cearense.
Ignorante Sublime (Fortaleza: Imprensa Oficial, 1944),
de José Waldo Ribeiro Ramos, é o trabalho mais conhecido que se escreveu no
Ceará sobre o poeta. Mas a posteridade viu o nome de Barbosa de Freitas
desfilar, também, em livros como Lembrados
e Esquecidos (1976), de Otacílio Colares, A Normalista (1892), de Adolfo Caminha, Fortaleza Descalça
(1980), de Otacílio de Azevedo, e A
Modinha Cearense (1967), de Edgar de Alencar, o que já é uma consagração.
As Poesias de Barbosa de Freitas, em sua primeira versão, foram
publicadas após a morte do poeta, pela Typografia Universal, de Fortaleza, em
1892. As tentativas que fiz de reedição desse livro, em 1992, a cargo da
Fundação Cultural de Fortaleza; e com o apoio da Reitoria (e da Vice-Reitoria)
da UFC, em 2003, resultaram frustradas e os originais e as respectivas versões
eletrônicas desapareceram misteriosamente.
Na sua nova edição, o livro teve o concurso
de Lívio Severiano, que preparou os originais; Sânzio de Azevedo, que fez a
apresentação; Geraldo Jesuíno da Costa, que concebeu o seu projeto gráfico;
e Assis Almeida, que encampou a reedição, num gesto de grandeza e fraternidade
para com a memória do poeta.
Por fim, gostaria de fechar este depoimento
fazendo minhas as palavras de Sânzio de Azevedo: “Tudo isso mostra, a meu ver,
a consagração desse poeta que, agora, graças à iniciativa de Dimas Macedo,
poderá ser lido em nossos dias como o foi no passado”.
Orelhas de Poesias, 2a
edição,
de
Barbosa de Freitas.
(Fortaleza: Edições Poetaria, 2004)
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